FAMÍLIA

Não venho aqui falar de ser avó pois já falei disto e esta benção já me foi dada desde que nasceu o Luca e, antes dele, o Henrique.Todos eles, seres de muita luz e amor.
Venho aqui falar do lar que recebeu Pedro e de seus pais que o constroem como fazem os pássaros, com cuidado e aos pouquinhos, montando um ninho gostoso e seguro para sua prole.
Anna, minha filha, e Harry meu genro, se conheceram quando ainda crianças. Quis o destino que seus pais tivessem ido morar numa casa na mesma rua em que nós. Já tinhamos laços anteriores mas nem desconfiávamos que a vida iria nos unir outra vez.
A família de Harry mudou-se do bairro quando a mãe dele, Angela como eu, adoeceu gravemente. O menino, com cerca de doze anos ficou órfão de mãe e, pouco tempo depois, também seu pai se foi. Ele e seus dois irmãos mais novos foram criados pela Babá que os acompanha e auxilia até hoje.
Quando seu tio avô, nosso grande amigo, completou 70 anos em 1994, deu uma grande festa. Harry e Anna se reencontraram, já com 24 e 19 anos, respectivamente. Daí em diante não mais se separaram. Em oito anos, construiram uma relação de parceria alegre e amorosa que transformou-se em casamento em 2002 e tornou-se família este ano, com a chegada do Pedro.
Conviver com esta dupla e participar de seus cuidados com o pequenino, cuidados estes que fluem como se eles dançassem uma valsa amorosa em torno do filho, em que as participações de um e de outro se complementam e se harmonizam com atenção, alegria e humor é a razão de minha admiração e um exemplo de que relações são construídas e, mesmo quando acontecem de improviso, também precisam de cuidados e manutenção.
Numa época em que vejo tantos jovens querendo encontrar relacionamentos rápidos e "prontos" como quem compra um objeto exposto em loja; em que a impaciência para com as características diferenciadas do "outro" são vistas como "defeitos insuperáveis"; em que a competição prevalece sobre a colaboração e o amor, dou graças por Anna e Harry e desejo firmemente que conservem esta sabedoria da convivência e que o ninho que construíram para o pássaro Pedrinho seja um exemplo e uma esperança para todos nós.
Obrigada meus queridos filhos.
Angela Schnoor. Em 29 de junho de 2006.