Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

11.4.09

O Outro

pimp20up20maskHendrik Kerstens


No blog http://costurandomaria.blogspot.com/ da criativa Ana M - encontrei este post:


harry e sally

"eu não sinto falta dele".


"não?"

"não. eu sinto falta da lembrança dele."

Então me veio a vontade de escrever sobre O Outro - esse Eu que mora em nós sob outras identidades.

Todas as faltas que sentimos, na verdade, são ausências de nós mesmos.
Saudades daquilo que fomos e do que vivemos em alguma época com alguém, um dos muitos outros que nos habitam e que encontramos pela vida afora.
Existem aqueles outros que despertam em nós o melhor que temos e alguns que trazem à tona, de forma detestável, a besta que escondemos ou que desconhecíamos até aquele momento.
Nestes casos, se tivermos pouca maturidade ou pouco conhecimento de nós mesmos, muitas vezes temos necessidade de rasgar fotos, cartas, bilhetes e apagar e-mails, como se assim nos livrássemos daquele personagem que esteve encarnado nas pessoas que um dia amamos e que nos fizeram sair do prumo.
Acontece também alimentarmos lembranças, porque fomos tão belos, felizes e adoráveis na época em que nos relacionamos com nossa capacidade amorosa, bem humorada, sexy e criativa, a partir de alguém.
Mas, será que 'o outro' é sempre uma criação nossa? Creio que sim.
E, mesmo que as pessoas sejam elas mesmas, sentimos atração pelas qualidades que aparentam e nos encantam, que desejamos ter sem saber que já moram em nós, mesmo que em germe.
Talvez o mundo seja um grande espelho e só podemos nos perceber completos ao conviver e aceitar que, como formulou Jung: quando duas pessoas se amam ou discutem, estão ali presentes queiramos ou não, ao menos quatro personalidades: os dois e mais as duas projeções inconscientes que fazem!
Já imaginaram isto em grupo?
Escrito em 11-04- 2009