uma visão do céu a partir do sul - grande angular - NASA
Meu Deus é a claridade e a transparência,
E morou em mim antes que eu fosse.
Minha religião é o pensamento que se expressa leve e semeia ao vento, símbolos ilimitados, de eterna compreensão, sem vínculos com estágios momentâneos ou Verdades de culturas passageiras.
Minha função nestas paragens, como estrangeira que sou, é falar deste deus às pessoas que encontro para que libertem suas mentes e emoções de cadeias onde já estive...
Neste caminho, adentro por seus dentros, chafurdo em seus porões e calabouços levando a experiência de meus próprios tropeços.
Aí, em seus mistérios me vejo por tantas vezes quantas visitas faço.
Quando encontro suas dores e temores, sinto medos e prantos já chorados e posso encontrar alívio em seus alívios.
Quando encontro tesouros escondidos, alegrias desperdiçadas e belezas impensadas, são também as minhas jóias que trago à tona ao validar os bens do outro.
O amor que sinto pelos seres, é fruto da profunda gratidão pela partilha e pelas portas que me abrem em confiança.
Muitas vezes, minha linguagem é desconhecida.Parece nova, ousada, perigosa... Mas talvez seja tão velha e esquecida quanto lembranças de um mundo muito antigo.
Alguns tem medo deste meu adentro. Temem perder a segurança do que consideram seu estofo. Não percebem que se encontram turvos e que seu esvaziar lhes trará um novo brilho!
Aprendi, através de muita dor, a falar línguas estranhas para que não fosse eu a estrangeira. Depois de algumas investidas francas, fui segregada em meu próprio ninho e percebi que para mostrar a luz não poderia estar cega por ela.
Ao perceber a sombra que eu própria projetava, pude entender de onde vinha a claridade que eu trazia.
Minha casa é no futuro e sei que não mais estarei aqui ao terminá-la.
Mas ela estará aberta para todos os que precisarem de um abrigo iluminado onde as sombras dão realce à luz e a transparência afasta os limites do medo.
Escrito em 1º de Julho de 2000
Angela Schnoor.