Parto sem dor
Roberto era moço de família católica ao extremo. Nascido e criado em Salvador, terra de seu pai, na juventude tinha ido morar com os tios no Rio de Janeiro para estudar medicina, sua paixão desde criança.
Caçula de muitos filhos foi educado pela mãe com alguma rigidez visando manter sua masculinidade já que, em casa, havia predominância de mulheres.
Na adolescência já mostrava vivo interesse pela companhia das primas cariocas que vinham a Salvador todo o ano, alegrar suas férias escolares. Entre as meninas, uma em especial lhe atraía a atenção.
Moleca e afetuosamente quente, Bárbara mantinha com Roberto uma cumplicidade que atiçava os desejos recém descobertos do garoto.
Muitas vezes sumiam do grupo, praia afora, aparecendo tempos depois com alguma história pouco convincente.
Por causa da menina e do carinho pelos tios maternos, prestou vestibular para a escola de medicina do Rio e assim, poderia estar mais próximo de seus dois grandes desejos: ser médico e namorar Bárbara.
Embora os estudos tomassem muito de seu tempo, não perdiam as chances para aproveitar as praias do Rio, agora sem mais ninguém para cobrar suas fugas apaixonadas.
Eles tinham uma intensa atração mútua e tornava-se impossível não aproveitar, todos os minutos, o prazer com que se amavam.
Em alguns anos ele estava fazendo residência e já tinham planos para o casamento quando descobriram a gravidez de Bárbara.
O casamento foi logo resolvido, mas Roberto ainda não estava formado e agora, mais que nunca, precisava conseguir trabalho.
Já perto do parto, decidiram morar em Salvador. Lá teriam mais facilidades com moradia e apoio maior da família de Roberto além de oportunidade de emprego para ambos.
A mãe de Bárbara, viúva, estava no exterior com a filha mais velha onde tratava da saúde e não poderia fazer companhia à filha em seu primeiro parto. Como ela tinha ótima relação com os sogros e, somando todas as férias da adolescência, praticamente havia morado com eles boa parte da vida, lá foi Bárbara para Salvador enquanto a barriga permitia um vôo tão longo.
Ficou combinado que Roberto viajaria para visitá-la sempre que possível e, certamente em fevereiro, quando o bebe estivesse na hora de nascer.
Naquela manhã de sexta feira, Bárbara chamou a sogra correndo, pois havia amanhecido com a cama empapada de líquido!
Foi uma correria só. O parto estava previsto para dali a uma semana e agora? Era urgente avisar Roberto!
Aprontaram um quarto da casa e chamaram a parteira, mas em pleno carnaval, as ruas de Salvador estavam apinhadas de blocos, o trânsito não fluía e Bárbara começou seu trabalho de parto só com a ajuda da sogra.
No segundo andar da casa, a moça gemia enquanto sua sogra desfiava um rosário e pedia a Nossa senhora proteção e ajuda.
Na rua, os carnavalescos cantavam e o batuque acentuava as contrações de Bárbara que não sabia como se conter e disfarçar o que sentia diante de sua sogra tão beata que rezava e sofria imaginando as dores da nora!
Mesmo fazendo sexo com Roberto ela jamais sentira tanto prazer em sua vida.
O bebe coroou e saiu, cheio de energia, ao mesmo tempo em que a mãe deixava escapar o grito de um orgasmo pleno, imenso, esplendoroso, ao som do batuque que entrava pela janela, misturado as “Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco”... Murmuradas pela sogra.
Quando a parteira chegou encontrou o menino amparado pela avó e Bárbara, exaurida de prazer, repetindo incessantemente:
- vai se chamar Dioniso! Ora se vai!
Angela Schnoor.
Rio de Janeiro,7 de Junho de 2006.
2 Comments:
que maravilha seria se todos os partos corressem assim...!
seria das avé -marias ...ou do desfile de samba e do batuque!?
5:20 AM
Greentea, o melhor é que isto aconteceu de fato! Só que o bebe foi uma menina! Hoje deve ser uma mulher feliz não acha? bj.
5:56 AM
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