Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

29.12.08

meus desejos para o Ano Novo



Que as ruas estejam mais limpas
Que muros e prédios não sejam pixados
Que falem baixo ao conversar nas ruas, pois outros podem estar repousando.
Que as conversas nos lugares públicos e nos celulares sejam privadas
Que as músicas sejam ouvidas em tom razoável sem que se imponha aos demais, o gosto pessoal
Que haja menos lixeiras reviradas
Que haja mais pessoas bem alimentadas e felizes
Que o respeito por idosos, grávidas e crianças não sejam apenas palavras da lei em cartazes
Que as ruas não tenham "donos" de ocasião que impôem gorgeta para que se estacione
Que os jovens sejam mais bem educados e tenham limites
Que os pais tenham mais tempo para seus filhos
Que volte a existir "família" - aquela coisa antiga e chata, mas que nos apoia quando precisamos

Resumindo, que haja senso de medida, limite e respeito pelo "outro"

Que todos e cada um possam compartilhar estes meus desejos.

em Dezembro de 2008

18.12.08

Sai fora, aqui mando eu!

Juan - estilingue - imagem da web




Acordei aborrecida comigo mesma. Senti que estava permitindo que o invasor ocupasse meu território. É isto: percebi que meu corpo é meu território e este ser que mora nele e através dele se expressa e que chamo de eu, deveria comandá-lo. Recebemos nosso corpo de nossos pais e ganhamos qualidades que vêm vindo ao longo de gerações, umas bastante interessantes, outras que nem gostamos, fora as que desconhecemos por muito tempo. Ao longo da vida, em contato com outros "territórios", amigos e nem tanto, vamos tomando consciência de nossas fronteiras e limites. Podemos ter lagoas, rios ou mares e podemos ser ilhas em meio ao oceano. Podemos ter montanhas e verdes ou campos desertos. Há pessoas que são apenas construções humanas, e, como as grandes cidades, parecem feitas de concreto, metal e vidro; vivem um trânsito constante, barulho e muito agito. Tantos são os tipos e feitios como os territórios que conhecemos. Será que algumas se parecem com o espaço sideral?
Bem, seja como for, não quero relaxar e deixar que os vírus e as dores, as doenças e a sujeira invadam meu território impunemente. Dei um "chega pra lá" na dor e botei as defesas nas ruas pra deixar bem quietos, num cantinho, estes caras que acharam que poderiam me derrubar. Nem pensar! Ainda não. Afinal, sou ou não responsável por este meu espaço físico, por esta vida que se expressa via este corpo que agora cismou de doer e de corroer minhas forças?
Acabou, pode ser que a batalha ainda demore um pouco mas a minha vontade de vencer é grande e a percepção de que só depende de mim me faz mais forte. Que assim como eu, aqueles que estão se deixando ocupar por invasores, criem barreiras, agitem a vontade e o direito de lutar por seu bem estar e vitalidade. E que todos possam contar com exércitos desconhecidos que moram nos confins deste nosso eu que aprecia viver. Bons ventos nos levem!

Em 18-12-2008

6.12.08

O espírito das gaiolas

Soul of cages - autor B-B-

O espírito das gaiolas


Durante o tempo em que vivemos, encontramos vários tipos de pessoas. As abençoadas pessoas-anestésicas, que nos suprimem as dores do corpo e as da alma. Há as temidas pessoas-cirúrgicas, as que nos arrancam os males diretamente, por vezes à força. Estas estão ali nas crises agudas e não podemos, sem ônus grave, usá-las e abusá-las todo o tempo, mas, sem elas, caímos nas de "uso diário" - as paliativas, que suavizam a dor e deixam para depois o enfrentamento das causas e resultados. Estas funcionam de forma semelhante às pessoas-curativo as que tampam as feridas, disfarçam os cortes, mas só servem para males superficiais.
Há ainda as que funcionam como alimentos fortalecedores, vitaminas e suplementos que nos permitem estar fortes e preparados para os embates, são elas que nos reforçam a autoconfiança, nos apoiam nas horas difíceis e podem até ter atitudes anestésicas e cirúrgicas se assim for necessário.
As escolhas são sempre nossas e, quando ficamos frágeis demais porque vivemos nos nutrindo de doçuras e produtos artificiais que minam nossas vidas e saúde, talvez precisemos de drogas anestésicas por todo o tempo de vida ou teremos que juntar força e coragem para enfrentar uma mudança radical que deixe à mostra o que é preciso extirpar.
Apenas quando abrimos as portas das gaiolas e deixamos livres nossas almas podemos perceber o quanto estivemos mantidos pelo conforto enganoso das prisões.
Escrito em 07-12-2008