Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

31.12.09

Mais um dia, sempre um novo dia



Que em 2010 a grande Ursa Branca possa vir mais vezes até Ideália. O mundo tornou-se tão sujo, feio e barulhento que ela se protege e não visita tanto sua Ilha.

Penso que os anos são mais ou menos iguais. O que muda é nossa ótica e humor. Então, ao findar mais um ano, ao mudar o calendário ou crer em novos começos, desejo que todos possam ver a vida com um olhar mais doce, alegre e positivo.

Para mim, Felicidade é quase uma sensação visceral, está ali, permanente como um pano de fundo. É tão ampla e múltipla que subentende a tristeza, que é tão passageira quanto a alegria, sentimentos que se experimenta eventualmente.

Uma pessoa pode ser feliz sem rir ou parecer alegre. Muitos que parecem esbanjar alegria, podem não ser felizes e sucumbem à primeira dor porque lhes falta o suporte da felicidade, o tal pano de fundo!
Ideália deseja a todos um pano de fundo forte e firme, que suporte e compreenda todos os momentos da vida com seus sentimentos próprios, mantendo-se imune aos padrões pré fabricados pelo medo.

8.12.09

Fios desencapados


Fios desencapados

Como observou uma pessoa próxima, nasci com fios desencapados. O que desperdiça minha energia aos quatro cantos e pior, qualquer pingo d’ água que os atinja pode causar explosão.

Algumas coisas ou as palavras que as representam, conseguem puxar o fio detonador da granada que mora em mim.

Se estiver por perto, para não ser chamuscado, evite:

Barulho

Fofoca

Sujeira

Prepotência

Invasão

Dispersão

Agitação

Pichação

Julgamentos

No momento em que o mundo se torna mais pequeno a cada dia, as fronteiras e os muros precisam ser ativados. Seria lindo incentivar a propagada tolerância, a aceitação incondicional, o amor sem reservas. Teorias tão belas quanto impossíveis em um mundo onde o vizinho te acotovela ao respirar, quando respira te chove perdigotos, quando chove perdigotos te inocula vírus, pois nem sabe se cuidar e ignora a mínima educação. Em lugar das desculpas, te xinga porque você tocou seu sarado braço.

Novos vizinhos inundaram o prédio ao lado e, como há um nivelamento social a partir das camadas da base da pirâmide, há festas aos finais de semana. Carioca adora um frege! Tudo bem, se não começassem entre oito e nove da manhã de sábado ou domingo, nos tirando dos braços de morfeu para, indefesos e ainda remelentos, nos atirar num som funk a milhares de decibéis acima do aceitável por ouvidos saudáveis. E bom seria se este som não viesse acompanhado do odor de carne de terceira, torrada numa churrasqueira aberta, ao lado de linguiças das mais variadas improcedências. E tome fumaça, acompanhada de cheiro de cerveja choca.

Detalhe: a festinha adentra a noite e passa das 23horas, com direito a microfone que abre para karaoquê dos convivas. Fecham-se as janelas, todas! Morre-se de calor e o som ainda ri de nossas tentativas de rejeitá-lo.

Imagina se eu ou um outro vizinho que aprecie o bel canto, pusesse Pavarotti a cantar na mesma altura? E se em outro canto, alguém começasse a treinar para o carnaval, enquanto um aficionado de Jazz estourasse a noite com um belo solo de trompete?

Certamente alguma mamãe não conseguiria fazer seu bebê dormir, o velhinho doente não pegaria no sono calmante de suas dores e eu não estaria aqui escrevendo sobre este delírio que inunda com muita água meus fios desencapados de nascença, mas cujos choques atingem primeiro meus educados neurônios, até que eu chamusque alguém que irá me chamar de sem educação, porque alterei um pouco a minha voz!

Escrito em 08-12-2009

enquanto o final de semana não vem.