Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

31.8.08

Passaredo

w ukryciu - por Yve


No canto da mata
ao pé do rio,
começo de arco-íris.
Escondido.
É preciso encontrar o mágico
já o pressinto...
a bruxa tem estado íntima
prestes a devolver-me os sapatinhos.
Final deste arco
o anjo escondido
me aguarda.
A chave e o caminho
que abriremos
é o retorno à estrela
à casa
onde fomos, desde sempre,
irmãos!

Escrito em 28-04-1986

27.8.08

Vôos


O gato que ri
da mosca que voa
O gato que pula
No branco do muro

O gato pensa na mosca
Que pousa na moça
Que traz a comida

A mosca que voa
No gato que come
Que corre da sombra
Da moça no muro

Enquanto isso,
O cachorro se entende
Com as pulgas!

escrito em 10-02-1982
modificado em 26-08-2008

22.8.08

O tempo do que não foi

caracois por Deborah Frances



Caracóis remoem o tempo
Em suas carcaças douradas
Cornucópias de lembranças
Despejando passado
Pelas gargantas sedentas.
Num canto, uma margarida roxa
Chora uma lágrima de chuva



Escrito em 05-05 1983

19.8.08

Invasão delicada


SONNO II - escultura de Igor Mitoraj


Um suave beijo em seu olho direito
E a parede se rompe com o vento
Antevejo a intimidade do vizinho
E exponho a minha pudicícia,
Na vitrine do prédio onde me escondo
E todos os meus olhos me vêem
E todos os meus beijos
Se derramam por seus olhos
Em direção à sua alma devassada
Como a intimidade exposta
A parede rachada
O escancarado desejo!


Escrito por Angela em 06-06 1990

14.8.08

Porto da espera

imagem da web


Como porto seguro,

beira de cais,

ancoro esperanças,

suporto tempestades,

abro espaço p'ros reparos.

Braços abertos

para embarcações feridas

assustadas ou perdidas.

Há amarras pra todos os nós,

há maré pra qualquer calado

botequim pra toda sede,

chão pra qualquer vagar.

Há, mais que tudo o mais,

gritando bem alto e claro

um vasto horizonte azul

que espera, espera e espera

aquele veleiro branco

que nunca vem!



escrito em novembro de 1982

12.8.08

Em vida

imagem de http://plfoto.com/top.html


“Por favor, digam-me em vida, tudo o que desejarem. Críticas, elogios, incentivos ou palavras de amor. Caso eu mereça, façam-me homenagens para que eu as receba.
Quando eu me for, não falem de mim ao mundo. Conversem comigo, no dentro silêncio de nossa intimidade”.

Escrito em 08/04/03 às 14h55.