Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

30.6.12

IGNORÂNCIA = DESTRUIÇÃO - DESRESPEITO




Ontem quase desmontei por conta dos valores tortos desta sociedade.
É fato que ando excessivamente sensível, mas não consigo entender destruição gratuita e desrespeito.  Coisa simples e que pode parecer tola, mas que, para mim, tem uma dimensão bem maior do que os fatos.
No prédio onde moro alguns aptos tem sido vendidos. O prédio foi construído e habitado há muitos anos, por um grupo de amigos vindos de Minas que, aos poucos, foram voltando ao seu berço. Foi então que viemos para cá, faz tempo...
Temos muitos problemas, mas o pior é o tipo de gente que agora vem habitar este espaço, são de  procedência, hábitos e valores diversos.
Outro dia vi muitas gavetões de armário, feitos de madeira maciça, coisa que não se encontra mais, sendo colocados na área como lixo. Expostas ao sol e chuva, ali ficaram, imagino que substituídas por qualquer geringonça mais moderna, quase sempre de gosto duvidoso. Fiquei aflita ao ver aquilo mas acabei esquecendo pois não compreendem o que digo.
Ontem, eram quase 21h de uma noite fria, eu estava no escritório escrevendo quando comecei a ouvir muito barulho, demais mesmo. Imaginei quanta gente à volta tem filhos pequenos já dormindo, ou quantos idosos ou trabalhadores que acordam cedo já deveriam estar recolhidos, necessitando silêncio. Bem, a coisa foi crescendo a tal ponto que chamei meu marido e foi ele quem me disse que a Conlurb estava retirando o 'entulho', as gavetas e madeiras do armário com mais de 5 metros de extensão, como o da suíte de meu apto.
Bem, os caras jogavam as madeiras e gritavam - vai quebrar esta? e coisas no gênero. 

Fui ficando tão triste a ponto de marejar e murchar. Ao mesmo tempo em que me revoltava com a impotência, diante da falta de medida da Comlurb com o horário e o barulho, sofria como se aquelas madeiras fossem eu. Um dia, cortadas de uma árvore, trabalhadas por um marceneiro ainda ciente e orgulhoso de seu ofício e que, certamente, guardaram sob a forma de gavetas e prateleiras, os valores e objetos de uma família e que agora estavam ali, maltratadas e desvalorizadas entre gritos e desmandos.
Quando o barulho reduziu, algum faxineiro varria. Enquanto fazia seu trabalho, assoviava, cantando, completamente inconsciente de tudo aquilo que se passou e que, a mim, aferroava a alma e o coração.
Então fiquei entregue a uma fragilidade dolorida, diante de um mundo que não entendo e do qual não gosto, pensando se eu é que estou doida e em como é difícil para mim ficar leve e deixar andar, não me importando com coisa alguma, muito menos com a inconsequencia do ser humano em geral, com a ignorância de tantos e com o resto do mundo.
De fato, mesmo que eu conseguisse, creio que não queria ser diferente, só queria mesmo é que não doesse tanto. 

em 25-06-2012

O descobridor de Madeiras

leia aqui: 

2.6.12

EXANGUE



  
E o cansaço vinha galopante. Parecia que o tinham surrado sem deixar tempo para um sopro de ar. Renunciava à vida e a perseguir a estrada que lhe fugia sob os pés neste inverno sem, ao menos, a brancura de uma neve. Frio seco areento, estéril e constante. Deserto de futuros. Percebia que Eros tinha sido engolido por Tanatos e este gargalhava sobre o alazão, golpeando o exaurir das forças. Ou será que o animal que desfazia os laços com a vida externa, puídos pela exaustão, não seria uma máscara de Eros?

Gargalhava, era certo, um riso urgente e frouxo de vencedor impiedoso. Uma caverna seria bem-vinda, um buraco, um túmulo, uma lagoa em cujas águas pudesse voltar às origens vazias e ocas do nada ser, apenas uma possibilidade de renascimento.

escrito em 03-07-2008


1.6.12

CIVILIDADE



SEMPRE ATUAL E A CADA DIA MAIS NECESSÁRIO, POIS QUE RARO.

Examine sua consciência e verifique o seu nível de civilidade com as regras de ouro das boas maneiras, da cidadania e da boa convivência social a seguir descritas:
1.    
Você abriu,
feche.
2.    
É de graça,
não desperdice.
3.    
Acendeu,
apague.
4.    
Ligou,
desligue.
5.    
Não sabe como funciona,
não mexa.
6.    
Desarrumou,

arrume.

7.    
Fez,
assuma.
8.    
Pediu emprestado,
devolva.
9.    
Sujou,
limpe.
10.                    
Está usando algo,
trate com carinho.
11.                    
Não lhe diz respeito,
não se intrometa.
12.                    
Não sabe fazer melhor,
não critique.
13.                    
Não veio ajudar,
não atrapalhe.
14.                    
Prometeu,
cumpra.
15.                    
Ofendeu,
desculpe-se.
16.                    
Não foi perguntado,
não dê palpite.
17.                    
Falou,
assuma.
18.                    
Ajoelhou,
acate.