Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

25.7.08

a casa que anoitece

foto de Maria José Amorin

Sou uma casa que anoitece. Quando me vejo ao espelho, as janelas da alma já não brilham tanto. Hoje, as cortinas finas e a luz tênue só permitem, a meu habitante permanente, a leitura interna. Os pesados batentes logo se fecharão para que se faça, na profunda noite, a escuridão do meu descanso.


18-07-2008

23.7.08

Nunca mais!

tempo - desconheço o autor





Junto com as folhas amareladas pelo entardecer, chega também, a época das aves negras a nos servir de alerta e agouro: - Nunca mais ! nos dizem em algum momento.
-Paixões enlouquecidas que borbulham o sangue e aceleram os batimentos da vida? - Nunca mais!
-Leveza para correr às novidades e o encantamento ingênuo, sem críticas ou lembranças? Nunca mais!
Com a certeza dos 'nunca mais', chega a pacificação do saber que tudo passa.Nada mais de aflições e desesperos. Mergulhados na pachorrenta e morna aceitação dos dias, dos fatos e das perdas, recebemos a certeza de que tudo passa. Mas, quando chega a sabedoria que nos livra das angústias e ansiedades, é exatamente quando quase tudo já passou e, na gaiola aberta para o espaço vazio, o pássaro negro repete: - Nunca mais!

em 19-07-2008

18.7.08

Lua enlaçada - para poemas

8.7.08

Mensagens de amor



A todo instante
Eu te envio
mensagens de carinho.
Sente cada palavra
como um beijo da alma,
cada frase
como uma carícia
sobre a sua pele,
cada imagem,
como um presente
para o seu olhar.
Cada som
como um murmúrio de amor
em seus ouvidos.
E as brincadeiras
que te fazem rir,
sente como raios de sol
que brilham seus pelos
trazendo-te o gozo
da alegria.


escrito em
31/07/2000 RJ.

5.7.08

EXANGUE

tanatosehipnos - desconheço o autor da pintura




E o cansaço vinha galopante. Parecia que a tinham surrado sem deixar tempo para um sopro de ar. Renunciava à vida e a perseguir a estrada que lhe fugia sob os pés neste inverno sem, ao menos, a brancura de uma neve. Frio seco areento, estéril e constante. Deserto de futuros. Percebia que Eros tinha sido engolido por Tanatos e este gargalhava sobre o alazão, golpeando o exaurir das forças. Ou será que o animal que desfazia os laços com a vida externa, puídos pela exaustão, não seria uma máscara de Eros? Gargalhava, era certo, um riso urgente e frouxo de vencedor impiedoso. Uma caverna seria bem-vinda, um buraco, um túmulo, uma lagoa em cujas águas pudesse voltar às origens vazias e ocas do nada ser, apenas uma possibilidade de renascimento.

Escrito em 03-07-2008
23h15'

3.7.08

Costa da Morte

a costa da morte - desconheço autor da foto

Mas, sempre e sempre, no tempo parando
A fria ausência que, em mim consome
Raros momentos de presente inútil.
Injúria de um passado inda tão perto
Ânsia de fugir às teias da memória
Nau onde naufraga este meu ser inteiro



Escrito em 28-08-1984