Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

19.5.16

Quase um poema

Van Gogh - The Starry Night


O moço que apaga o fogo  tem medo do vento.
Ele  bem sabe que a água apaga o fogo,
Que a terra o afeta também,
Mas, sobre o ventoele não sabe muito.
E, o teme – por ser volátil e impalpável.
 Como se controla?
O moço que apaga o fogo dorme com uma jarra cheia de ar ao lado de sua cama.
Toda noite ele a observa com encanto e se adormece.
E sonha,  à espera de um vulcão.
De algo explosivo, por uma surpresa.
Mas, toda manhã, somente brisa.
O moço que apaga o fogo está irritado com o vento.
Anda a gritar com a sua jarra de Ares.
Abre a jarra,
Fecha a jarra,
Sacode a  Jarra e..
Nada.
Mas...? É tão, mas.. tão sem graça”.
O moço que apaga o fogo continua com medo do vento.
De um algo inesperável, um algo imensurável.
Algo que confirme as suas suspeitas.
Mesmo assim, toda noite, enquanto dorme:
O ar se faz mais calmo,
A correnteza se faz de trilha
E o solo se move e se renova.
O moço que apaga o fogo tem medo do vento.
E, dessa jarra, repleta de espaços.
Uma das coisas mais bonitas que ele viu.



escrito por Lu Noya – enviado em 19 de maio de 2016.