Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

18.4.11

PÁSCOA - EASTER




PÁSCOA - EASTER


Quanto ao significado desta palavra, EASTER, costumo ter pena das pessoas que se deixam antolhar por causa de alguma crença e sobretudo, quase sempre, por uma religião.

O ser humano repete suas percepções da existência e da natureza e vai nomeando o que percebe de acordo com sua época, local e cultura em geral (o que, obviamente implica, também, em religião). Assim sendo, acho melhor que se esteja aberto para perceber que tudo é a mesma coisa, percebida de modo diverso e nomeada segundo esta percepção. O que fica mal são os julgamentos e conceitos de VERDADE e sua posse.

Para os povos que viviam em acordo com os fenômenos da natureza, esta era a sua Mestra e depois as culturas posteriores foram tomando estes saberes e colocando seus significados em seus ritos e personagens, fazendo analogias e paralelos óbvios se você conseguir olhar de um ponto de vista mais amplo.

Assim sendo, Ishtar=Vênus=Imperatriz (tarot) = primavera = Páscoa = Ressurreição (do grão, do Sol, da vida, do Cristo)=ao Leste , onde se dá o nascer do sol todo dia, que é principalmente abençoado, depois de um longo inverno = o EASTer (nascente) ou passagem ou Passover, ou tudo que renasce neste tempo.

A barca do Sol egípcia, também símbolo arquetípico de renascimento da vida. A Vênus ou Ishtar ou Imperatriz ou Fréia, ou qualquer outra, representa o grão, o óvulo, a semente, a possibilidade de renovação contida no feminino pronto a ser fecundado, ou encharcado pelas águas do degelo.

O Cristo vai para debaixo da Terra , é sepultado, e ressurge, assim como o grão. (É o aspecto mais gay do Cristo :o))) Para quem acredita que Cristo morreu e ressuscitou ou para quem enxerga que é o Cristianismo que nasce após sua crucificação, derrubando o Império Romano e os deuses pagãos, que esta gente dogmática tanto teme, por que representam a sabedoria da Natureza que não sai de moda pois que é eterna.

Ah! Ia esquecendo, o cordeiro de Deus, Jesus Cristo, (proibido pelo Concílio de Constantinopla de 692, de ser representado na arte cristã, pelo cordeiro para que não houvesse "confusão" entre os demais símbolos de outras crenças e cultos. Seja para os judeus ou para os cristãos ou católicos, é também um simbolismo da primavera, do signo do Áries (carneiro) e, em todas as etapas do desenvolvimento da civilização mediterrânea: o cordeiro primogênito, em sua brancura imaculada, encarna o triunfo da renovação e vai passar a ser tanto o representante do Cristo como a vítima sacrificial para que os seres alcancem a ressurreição. Este animal, por razões descritas abaixo*, tornou-se símbolo deste sacrifício nos cultos a Dionísio, entre os Judeus, Cristãos e Muçulmanos.

Além da mansidão que atribuem ao Cristo e à sua filosofia amorosa, existe a intensão de homogenização do "rebanho" para a Igreja - a domesticação dos povos à nova cultura religiosa vigente - embora se saiba que grande parte das lendas e rituais católicos tenham sido originado nas civilizações do oriente, notadamente a Egípcia. Ao mesmo tempo é um animal domesticável que está relacionado à chegada da primavera como ao seu sacrifício para a alimentação dos povos, assim como as cabras e bodes.


ANGELA SCHNOOR 17/05/03- revisto em abril de 2011


* Os animais domesticados pelo homem foram de grande ajuda para construir a civilização. Domesticação é o processo pelo qual o homem consegue que certas espécies animais se adaptem a sua convivência para desempenhar alguma função útil. Entregues à própria sorte, animais domesticados podem reverter ao estado selvagem, como a hiena e o chacal, no Egito, e rebanhos de gado bovino, abandonados nas regiões do Brasil central: é o chamado boi bagual, de grande ferocidade, que exige muito trabalho para retornar ao rebanho. A domesticação é um processo lento e profundo que leva à modificação das espécies, não no que diz respeito ao comportamento, mas também à morfologia e à fisiologia. Significa a posse não apenas do indivíduo, mas da raça, que passa a procriar em cativeiro.

O carneiro é, porém, o mais antigo animal de cuja domesticação existe prova arqueológica.

No adestramento, o homem passa a ensinar o animal a reagir a determinados estímulos diferentes daquelas a que se habituou. A docilidade e a calma das ovelhas e carneiros fazem deles presas fáceis, pois não esboçam reação em sua defesa. Por este motivo a imagem das ovelhas é comumente associada à pureza e à inocência.

O Carneiro é um símbolo que está presente em muitos dos mitos da Antiguidade. Está representado no deus egípcio Amon, que pertence ao elemento ar, regula a fecundidade e carrega os pecados dos homens, e no deus oleiro Knum, o carneiro procriador. Estes cultos justificam a existência de numerosos carneiros mumificados no antigo Egito, encontrados em escavações. Esta simbologia foi transportada para o deus romano Júpiter, que é representado com uma cabeça de carneiro, e para Hermes Crióforo, que transporta um carneiro sobre os ombros, uma imagem muito semelhante à de S. João. Na antiga Grécia, tanto em Esparta como na Dórida, adorava-se o deus Apolo Carneiros, que protegia os pastores, uma crença que foi transportada para o culto de Cristo Bom-Pastor. Na cristandade, o carneiro é também uma manifestação do cordeiro de Deus, que livra os homens dos pecados. Esta simbologia advem da história do povo hebreu: A última praga que Deus fez cair sobre os egípcios para que Faraó concordasse com a saída do povo Hebreu da escravidão, foi a morte dos primogênitos.

Para que os filhos dos Judeus ficassem imunes, Deus ordenou que cada família sacrificasse um cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue deveria ser espargido nos umbrais das portas, assinalando ao Anjo da Morte que passaria naquela noite que houve o sacrifício, a família deveria comer toda a carne do cordeiro (o que sobrasse deveria ser queimado, inclusive os ossos), caso a família fosse pequena poderia chamar o vizinho e dividir com ele, comeriam com ervas amargas, para simbolizar a amargura da escravidão, comer pães ázimos (sem fermento), simbolizando que estavam purificados (sem pecados), finalmente comeriam frutas com mel, para simbolizar a libertação, esta foi a instituição da Páscoa Judaica. Êxodo 12.

O Cordeiro tornou-se então a tipificação de Jesus Cristo, oferecido em sacrifício para remissão dos nossos pecados, 'Jesus seria a verdadeira Páscoa, ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo'.

A simbologia do carneiro, associada ao fogo criador, à fertilidade e à imortalidade, é encontrada nas culturas tanto da Europa e da África, como na Índia e na China. Nas escrituras védicas indianas, o carneiro é associado ao fogo e a montada da divindade Kuvera que zela pelo norte e pelos tesouros. Na China, o carneiro era a montada dos imortais, enquanto que na África negra é um deus da agricultura e símbolo da fecundidade familiar. Esta última simbologia é também encontrada na Europa.

Associado ao planeta Marte e ao Sol no Zodíaco, o Carneiro simboliza a elevação do Sol na sua passagem da estação fria para a estação quente. Primeiro signo do Zodíaco, representa o fogo inicial e a energia criadora na sua forma mais elementar e pura.

9.4.11

outra história para adormecer netos



O Pato José e o Ovo misterioso


O pato José, desde que nasceu, vivia na floresta. Um dia, resolveu arriscar sair um pouco adiante e foi andando por um arremedo de estrada. No meio do caminho começou a ter dores estranhas e parou. Ali mesmo pôs um ovo muito grande para seu tamanho e condição masculina. Ao menos assim ele achava. Se sabia pato e patos não põem ovos. Tinha duas patas, mas não era uma Pata e assim começou seu dilema existencial - Ele se chamava José, teria que ser chamado de Alice, dali pra diante?


Encostou-se no ovo, pensando confuso, quando a casca, sob o calor de suas penas, começou a rachar. Surpresa total! Dali surgiu um ser verdoso, com a maior pinta de dinossauro, e o chamava: - mamaãe!

Ele quase pirou. Tentou não rejeitar o bichinho que continuava a chamá-lo de mãe e a segui-lo estrada afora.
Um marreco que andava por perto, percebendo o dilema do Patinho, indicou a ele uma palhoça adiante que exibia a tabuleta: Dona Gansa - psicanalista.

O pato não titubeou. Pediu ajuda e deitado num belo arranjo de palha começou a contar sua infância solitária, desconhecendo pai e mãe, e toda a sua confusão existencial sem se saber José ou Alice e como fazer para sustentar aquela criaturinha verde que crescia rápido e quase já o dobrava em altura.


Algum tempo depois de muito falar e sofrer, seguiu os conselhos de Dona Gansa e foi buscar suas origens na floresta. Com o Dino atrás dele a choramingar, José fez o caminho de retorno ao lar e, ao dar com a casca quebrada do ovo, sentiu um cheiro característico. Deu uma volta em torno do objeto e descobriu que sua dor de parto nada mais havia sido senão uma tremenda dor de barriga que ajudou o Dinozinho a sair da casca de tanto que a aqueceu! Mas, de quem seria este ovo?

Em sua busca floresta adentro, acaba encontrando um casal de dinossauros que procurava, muito aflito, o ovo deles que havia rolado não sabiam para onde.

Assim, o patinho cumpriu seu papel de curador do dinossauro bebe e foi muito festejado, resolvendo também seu próprio conflito.

Afinal, José era um pato, legítimo, sem dúvida alguma e, ainda por cima, um pato analisado!


contado e escrito em abril de 2011
para Luca e Sofia



canção de um marte apaixonado


Quando amanheces, durmo.

E ao cerrar os cílios

Sonho a noite em que te vi

vagando em tuas luas

enquanto cortejavas o sol

e te tornava impossível,

mais Vênus que jamais.


escrito em 06-04-2011

4.4.11

Idéias partilhadas sobre:

A roda da vida - desenho de Angela Schnoor


a Eutanásia

Não se culpe, hoje, velha de guerra, encontro dentro de mim a certeza de que as coisas são como são ou como devem ser. Temos que aceitar nossa impotência e, no entanto, fazer o que nos é possível e nos parece o melhor. Se eu estivesse sofrendo e sem forças juro que gostaria que alguém me ajudasse a me desprender de um corpo onde não cabe mais tudo o que posso ser, assim como um objeto precioso cuja caixa está destruída, pondo em risco a integridade do que deveria proteger.

O final da vida e a eternidade

Creio que alcançamos a eternidade na memória e na existência daqueles a quem nos unimos em vida. Você terá direito a ela em meu coração e na minha mente. Fico triste em saber que estás vivendo assim. Sei bem como custa a vida desta forma e acho muito injusto. Creio que, por direito, devíamos passar a idade provecta (como dizia meu pai) em paz, usufruindo o melhor e ter o direito a morrer calmamente, com serenidade. Mas não é o que ocorre nestes tempos em que vivemos. Por alguma razão "escolhemos" viver um final de ciclo e assim sendo, não temos esta paz ansiada e merecida. Melhor buscarmos a serenidade interna e passarmos por tudo que é difícil tentando fazer com que não nos afete muito.

Céu ou inferno

Quanto mais velha fico, mais tenho certeza de que nosso céu ou inferno são feitos de nossas lembranças.