Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

17.6.06

Dia de saudade

Ricardo Antônio de Pádua Schnoor - 17/06/1949 - 24/10/1997


VIAJANTE

Minha viagem existe antes de minha vinda.
Não sou nem fico, não estou e nem serei.
Sempre me vou e jamais chego à parte alguma.
Sou o não sendo e sempre estou aonde nunca irei.
Do fogo das entranhas desta Terra,
me trouxeram rubra.
Tenho saudades das lavas
que escorrem e queimam
em minhas veias, a paixão da vida.
Do espaço infinito me buscaram,
Respiro os ares, que todos se negaram,
Mas só me encontro mesmo
em vácuos do infinito.
Esquecida em memória eterna,
Em prantos e suores onde inundo,
Das águas abissais me raptaram,
Mergulhada que estava bem no fundo.
E, emerjo das dores deste mundo,
Nesta verde Terra Mãe
onde, enfim, me semearam.
E me recubro em folhas, primavero,
Ou faço-me Verão em doces frutos.
E à espera do repouso em permanência,
Tenho sede de seios e de útero.

Em memória de querido irmão que viajou tão cedo,a minha saudade.
Em 17 de junho de 2002

9 Comments:

Blogger EDUARDO OLIVEIRA FREIRE said...

Poema bonito e transcedental...
Não conhecia o poeta...

http://duduoliva.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idblog=13757

10:49 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Como eu gostava de ter a sua força, Ursa querida.

Sim, porque em matéria de sofrimento, você ganha-me aos pontos.

E eu que me queixo tanto e ando sempre tão triste.
Faz bem olhar para o lado, de vez em quando.

Como vão os doentinhos?

As melhoras e beijinhos.

12:52 PM

 
Blogger C_mim said...

Meu mano também partiu cedo... Eu só tinha 8 anos e ele 18. E ainda sinto saudades do meu mano.

4:41 PM

 
Blogger 125_azul said...

E não era hora ainda... e já passou tanto tempo! Beijo para Moana pequenino se encher de luz e ficar bom logo. E abraço bem apertadinho para aliviar um pouquinh o aperto feroz no coração.

4:53 PM

 
Blogger Angela said...

Dudv,
o poema é de minha autoria. Bom que gostou. bj. angela.

9:12 PM

 
Blogger Angela said...

Meiguinha querida,
as dores foram muitas mas as alegrias também são, como este seu doce carinho, e tudo vale ser vivido. Só a morte é indolor, dizem os que sabem dela.
Acho que é nos trancos da vida que a gente se fortalece.
Os doentinhos vão melhorando e pedrinho se aproximando de sua hora!
Um grande beijo da ursa.

9:16 PM

 
Blogger Angela said...

C_mim, a gente não esquece não é?
Até hoje me lembro quando chegaram da maternidade com nossos pais. Talvez por ser a mais velha, sinto falta por eles não estarem mais aqui...

9:18 PM

 
Blogger Angela said...

Arara tão querida,
a saudade não tem relógio! O tempo nada significa quando ela bate á porta, principalmente nos dias em que estaríamos felizes juntos!
Moana está ficando melhor e já volta a fazer suas caras engraçadíssimas para nossa alegria.
Gratíssima pela força e luz! beijo carinhoso da dinda.

9:22 PM

 
Blogger Fábia said...

Mm, na minha lembrança prevalesce o amor e a tristeza da nossa impotência sobre a escolha dos outros. Meu dindo. Me lembro que ele me dizia que eu era a pessoa que ele mais amava e isso era importante. Ele me lembrava também o Vovô quando falava que eu estava crescendo pois logo antes do Vovô morrer ele me olhou e disse, já tem peitinhos, que lindo, vou te esculpir!
E sempre me dá uma tristeza dele não ter podido faze-lo.
Lembro de imaginar na época ele esculpindo as nuvens do céu. Beijo F.

10:10 AM

 

Postar um comentário

<< Home