Para o Migas, desejando que possa abrir e explorar todas as "caixas" que houver em sua existência neste mundo. Com o carinho da "Dinda".
Acho que posso comparar a vida a uma grande caixa colorida.
Saímos de uma caixa fechada para cair numa outra, grande, aberta e cheia de outras caixas de todos os tipos feitios e tamanhos.
Abro todas as que encontro. Talvez venha daí o meu gosto pelas chaves que, para mim, sempre tiveram a função única de abrir.
Umas caixas são bonitas por fora e nada contém, outras são simples e discretas e estão tão cheias de surpresas que a gente passa o tempo todo descobrindo coisas novas e não se cansa de bisbilhotá-las.
Algumas dão gosto de entrar e ficar lá dentro, outras depois de abertas, descobrimos que é bom guardar só pra nós, enquanto outras tantas dividimos logo, qual caixa de bom-bons, com todo o mundo!
Tem caixas que dão medo, outras nos fazem mal, algumas nos dão sustos incríveis, fazendo com que entremos na primeira caixa de esconder que encontramos.
Tem gente que não abre suas caixas. Ficam presas dentro de uma só, a vida toda e não descobrem nada! É como virar manequim de vitrine, quantas coisas a passar lá fora e não são vistas.
Outros começam a abrir, encontram logo uma caixa de susto ou de dor e se fecham na próxima que encontram, a do medo, quase sempre.
Quero abrir todas as que eu puder e, quantas ficarão por abrir, por falta de tempo, por não estarem em meu caminho, por distração ou por qualquer motivo perdido em mim.
Mas as minhas caixas, as de dentro do mim, vou tentar abri-las todas, uma dentro da outra, como surpresa sem fim e sei que, lá no fundo, na última, vou me encontrar inteira e vai ser nessa hora que a tampa da caixa maior vai se fechar, tudo vai ficar escuro e vou voar para outro mundo de caixas ou do que?
Tenho que andar rápido, abrindo caixas!
escrito por Angela Schnoor em 20/10/1981