28.9.07
27.9.07
ALEA JACTA EST
Com especial carinho, as cortinas foram colocadas para que a luz penetrasse com suavidade e o dia fosse alegre e claro.
A lamparina posta a um canto, sugeriria às noites, imagens e sombras delicadas, propiciando visões de belas fantasias, projetadas sobre as paredes estreladas.
As flores, recolhidas nos jardins do Éden, para que jamais murchassem, davam cor e perfume ao ambiente.
A luz da Lua vinha, certeira, às noites espiar pela janela tanto esmero.
Era uma gravidez esperada há anos!...
Quando aconteceu, o coração começou a crescer dilatado pelo júbilo do amor que aumentava a cada instante. De vez em quando batia mais forte, lembrando que estava vivo, embora já tivesse abrigado várias vidas que o tinham tornado encolhido, medroso e assustado.
Agora, já nem lembrava das lágrimas vertidas, dos tempos onde o negro luto o havia invadido e machucado, era só sorrisos e tilintar de sinos!
O leito de plumas trazidas das asas dos anjos cobriam-se de flocos de nuvens para servir de repouso perfeito à carga tão preciosa.
A esperança jorrava toques de luz verde, enquanto o arco-íris preparava suas tintas multicores para saudar a nova vida.
Tudo era luz e paz na gestação deste amor que prometia o parto desejado.
Hoje uma espada atravessou o peito enquanto o coração se abria.
Não há mais luz nem riso.
As flores feneceram, as estrelas se apagaram, o som agora é um soluço!
Do coração rasgado, o sangue jorrou trazendo um esquecido pranto que tingiu de negro todo o aposento.
Hoje o Amor foi abortado!
escrito por Angela Schnoor em 30/08/2000
25.9.07
24.9.07
Marcel Marceau

É tão raro estar em silêncio no mundo de hoje e, gosto especialmente de silêncio pois me remete à sensação de paz. Hoje, ao saber de sua morte me ocorreu um pensamento: O outro lado, seja ele qual for, pelas pessoas que estão indo, está ficando muito interessante!
Bip - a personagem que criou em 1947, inspirada em Charlot - ainda se apresentou, no entanto, em 2005 numa última digressão da «arte do silêncio» pela América Latina.
A personagem Bip - com calças às riscas pretas e brancas, colete encarnado e uma rosa vermelha no chapéu - foi inspirada no «vagabundo» criado por Charles Chaplin, um dos seus heróis, a par de Buster Keaton, Harry Landon ou a dupla Laurel e Hardy.
Marcel Marceau nasceu em Estrasburgo, França, a 22 de Março de 1923, ingressou na escola de arte dramática Charles Dullin, em 1946, onde estabeleceu uma relação especial com o professor Etienne Decroux, e um ano mais tarde criou o personagem Bip, um ser marcado pela sensibilidade e pela poesia que lhe permitiu explorar a sociedade moderna concentrando-se na sua dimensão trágica.
Identificando-se, de início, com a tradição da commedia dell´arte dos séculos XVII e XVIII, estreou-se em 1947 no Thêatre de Poche e fundou a sua companhia teatral em 1948, em Paris, mas apenas em 1951, no Festival de Berlim, conheceu o reconhecimento internacional.
A participação no Festival de Berlim marcou o início de um relacionamento com Bertolt Brecht e o Berliner Ensemble, e também a rodagem dos seus primeiros filmes para a DEFA (Organização cinematográfica da República Democrática Alemã), instituição estatal de Berlim-Leste.
O seu nome de família original era Mangel, mas Marceu alterou o apelido para escapar durante a Segunda Guerra Mundial à perseguição aos judeus pelos nazis, que em 1944 assassinaram o seu pai, deportado no campo de concentração de Auschwitz.
Tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados Unidos onde o seu movimento da «marcha contra o vento» marcou uma revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo «Moonwalk», de Michael Jackson.
No cinema trabalhou com o director Roger Vadim em «Barbarella» (1968) e com Mel Brooks em «A Última Loucura» (1976), duas fitas que ainda contribuíram mais para a sua fama internacional.
Reconhecido pela sua versatilidade teatral, o artista foi nomeado Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.
A família anunciou hoje o falecimento sem, contudo, revelar as causas, adiantando apenas que será sepultado nos próximos dias no cemitério parisiense Pére Lachaise.
Coletânea a partir de reportagens diversas em 23-09-2007
Ver micro homenagem em www.microargumentos.blogspot.com
23.9.07
Abandonos

Voltar atrás
Fechar todas as janelas,
Curar todas as feridas,
Cuidar todos os abandonos,
Proteger todos os desvalidos.
Amparar crianças perdidas
Por mães insensatas.
Tapar todos os buracos,
Preencher todas as falhas.
Fazer-me cada vez
mais distante de mim mesmo.
E tornar-me o mais cruel
de todos os meus algozes!
Escrito por Angela em 10 de maio de 2006
21.9.07
ASAS EM DOR MAIOR
Pra que te deram asas
Em céu de tempestades?
Gotas grossas caem...
Lágrimas da noite,
Desesperançada de manhãs.
Penas enroladas,
No corpo frio e úmido,
Mortalha triste
Que enterra em solidão
O Anjo de barro
Que o pranto dissolveu
Sem vôo!
escrito por Angela Schnoor em 22/09/00 .
19.9.07
FRIA

Sangue,
coágulo,
Ferro, ferrugem,
vida envelhecida.
Tempo de trancar
as portas.
Lá fora
tormentos,
vida pisada,
hematomágoas.
Fria,
Faca afiada,
raiva.
Um rio rubro
destranca
a velha prisioneira
dentro do vazio.
Tempo de hemorragias
espalhando vida
onde morava,
em frio metal,
Meu medo teu.
18.9.07
Innana
Innana*
Por ordem de enki
mais uma vez desço ao abismo.
Noite de eclipse.
Manto de luzes
Vou ao encontro dela
Irmã escura e bela
Possuída pelo fogo
De vulcões extintos.
Mais uma vez,
Meus astros invadem
A tela de seu ódio.
Gotas rubras
Do pranto de almas mortas
Refletem o negro ardor,
Espelho de amarguras.
Escureço-me em suas entranhas
Bebo seu gozo de fel.
Sugada em mó escura,
Feita pó de estrelas
Transmutada no útero
Do eterno nada,
Volto a brilhar!
Guia de homens
Que me sabem céu
Enganosa face
Trono imaginário,
Torre de papel.
escrito em 26/01/2004
17.9.07
Para C_mim, no seu dia

Amigos
Obrigada por estarem aí
na escuridão,
nas horas de indecisão,
no medo e
na desilusão.
Iluminando meu dia,
minhas noites,
madrugadas!
Quando ando atrás do tempo
que sempre é pouco
se quero
viver muito, viver tudo,
porque a vida
é sempre um bem,
e ter amigos
também!
com o carinho da Angela.
16.9.07
14.9.07
13.9.07
Promessa

Permanece assim silente
Deixa que o calor se faça,
Como promessa
Entre a minha mão e a tua pele.
Aos poucos, devagar,
Arqueia o corpo
Em busca da carícia plena.
Deixa que teus pelos se retesem
Na avidez do contato
Deixa que se faça
O rubro veludo do desejo
A transformar em seda escorregante
A nossa entrega!
28/04/1986
Angela Schnoor
12.9.07
identidades

Estes dias, quando vi esta foto numa revista, parei!
DOR
Gotas coloridas pingam notas na música espalhada pelo prato.
Não tenho fome.
O prato desaba como um velho chapéu esquecido a um canto.
E sobra música colorida pela sala.
Quero notas secas.
Quero gotas preto e branco neste pranto surdo!
Angela Schnoor
11.9.07
POEMA POUCO ORTODOXO

10.9.07
questões
Qual será o propósito de ter nascido em um tempo belo e bom, que eu não podia avaliar por ser criança, e estar, agora, acabando meus dias em meio ao terror deste mundo? Tem que haver uma razão e vou descobrir.
Pouco depois, acho que estas duas fotos encontradas, quase simultâneamente, me ajudaram a entender. Se alguém não perceber como eu, é tão difícil perceber como o 'outro', não é? explico:


i po lecie II -foto de Stettinus
7.9.07
6.9.07
“Lucianíssimo”

Há anos o mundo o chamava ‘o rei do dó de peito’. Hoje, ele emudeceu e não mais ouviremos, ao vivo, o seu cantar. Porque ele se foi, no peito dos que o amavam e admiravam ficou um grande dó!
escrito em 06-09-07
saiba mais aqui sobre ele.
5.9.07
O jogo da amarelinha
Coração aos pulos, continuava o jogo para que as amigas nada percebessem. Passou a brincar na casa da vizinha, mas os retângulos continuaram no jardim até que, ali, foi aberto um novo canteiro.
Sob a terra revolvida jazia um corpo de criança.
3.9.07
Mingus

Na clínica de idosos, o gato costumava se aninhar na cama daquele que, em breve, a moira visitaria. A maioria receava este aconchego. Só Marcelino, cansado de viver sozinho, o desejava. Naquela noite, Mingus subiu à sua cama. Pela manhã, o velho levantou-se saltitante e renovado. Entre as cobertas, ficou o corpo do gato.
Escrito em 3-09-2007
frase do mês:
Me ame quando eu menos merecer porque é quando eu mais necessito.
Provérbio Chinês
2.9.07
Um tapete.

Nem sei quantos vazios de sonhos aconteceram neste tempo.
Nada brotava do solo estéril de um deserto sem oásis.
Algumas miragens, por certo, só aumentaram a sede e a desesperança.
Naquele domingo, o sol acreditou que era seu o dia e uma bela luz trouxe o cavalo branco de volta.
Sob seus pés, um tapete mágico preencheu o solo árido com sonhos e uma aragem fresca começou a cantar em seus ouvidos.
Bem devagar, como um sedento toma o líquido que o nutre e salva, ela vai ouvindo histórias de viver e de sonhar e os vazios vão sendo tecidos mansamente.
Serão mil noites? Mil dias? Mil sonhos? Não mais importa.
O tempo não é mais espera e sim o ritmo da vida que retoma e tece possibilidades de um renascer.
Escrito por Angela Schnoor