AGONIA
Guiomar Sarmento Pádua Schnoor
*25-09-1917 - +04-01-1981
Em sua homenagem, porque foi então que comecei a escrever.
Este teu rosto querido,
distorcido, amarelado, apavorante,
persegue minha mente noite e dia!
Tento alternar meu pensamento
com lembranças antigas:
Eu pequena,
você tão bela! cabelos soltos,
cheio de anéis castanhos
como uma cascata a descer
pelos seus ombros.
Saia preta, blusa branca rendada
mangas fofas, brincos de ouro pendurados
(os únicos talvez...).
"Mãe, porque você não vai à ópera
com os cabelos soltos? São tão bonitos! “
"Não posso, filha, não fica bem
para uma senhora, não se usa!”
Os cabelos eram amarrados num coque
ainda belo, como um pássaro preso na gaiola!
E, lá ia ela, radiosa!
E o orgulho enchia meu coração
por mãe tão bela!
Hoje meu coração está cheio de tristeza,
o orgulho se transformou em dor
por mãe tão triste e nem tão bela,
pois a beleza tem o rosto da morte.
E a solidão me mostra que não sou mais criança!
E...nem as óperas são como antes!...
À minha mãe agonizante.
escrito no Hospital Silvestre em 03/01/1981 por Angela.
*25-09-1917 - +04-01-1981
Em sua homenagem, porque foi então que comecei a escrever.
Este teu rosto querido,
distorcido, amarelado, apavorante,
persegue minha mente noite e dia!
Tento alternar meu pensamento
com lembranças antigas:
Eu pequena,
você tão bela! cabelos soltos,
cheio de anéis castanhos
como uma cascata a descer
pelos seus ombros.
Saia preta, blusa branca rendada
mangas fofas, brincos de ouro pendurados
(os únicos talvez...).
"Mãe, porque você não vai à ópera
com os cabelos soltos? São tão bonitos! “
"Não posso, filha, não fica bem
para uma senhora, não se usa!”
Os cabelos eram amarrados num coque
ainda belo, como um pássaro preso na gaiola!
E, lá ia ela, radiosa!
E o orgulho enchia meu coração
por mãe tão bela!
Hoje meu coração está cheio de tristeza,
o orgulho se transformou em dor
por mãe tão triste e nem tão bela,
pois a beleza tem o rosto da morte.
E a solidão me mostra que não sou mais criança!
E...nem as óperas são como antes!...
À minha mãe agonizante.
escrito no Hospital Silvestre em 03/01/1981 por Angela.
6 Comments:
Deve ser angustiante ver o rosto da pessoa querida "distorcido, amarelado, apavorante". Meus ollhis ficam cheios de lágrimas qundo penso nisso.
1:45 AM
Sei que não passarei por esse momento. Meu enterro foi mais cedo. Foi melhor, do seu jeito, Dinda? Doeu, isso eu sei, a mim e a vc, no seu tempo. Beijinhos
9:01 AM
Em Novembro de 1978 passei por um momento igual.
Beijinhos
9:33 PM
É dudv!
É duro mas acabamos tendo força para tudo, não sei como!
125
Querida, não sei não! Ainda há muito a viver. Espero que te seja mais leve. Pra mim foi um desnovêlo, uma libertação. Desejo o mesmo pra ti. E, acaba que este dia 4 acabou tornando-se um belo dia por tua causa! Obrigada linda!
Luisa hingá
difícil não? E você era jovem?
Ficou mais forte ainda, eu creio!
2:32 AM
Estremeci. Fez-me lembrar meu pai que sofreu tanto para morrer. E com ele todos nós, minha mãe, meus irmãos, amigos que ele tinha tantos.
Alguém me disse que a gente se conforma mas não esquece. É.
1:55 AM
J.G.
Certas doenças são ainda, muito dolorosas. O Câncer ainda é assim, embora já haja tanta possibilidade a mais de recuperação.
Acho que dói mas, ficamos mais serenos.
2:43 AM
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