Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

9.4.11

outra história para adormecer netos



O Pato José e o Ovo misterioso


O pato José, desde que nasceu, vivia na floresta. Um dia, resolveu arriscar sair um pouco adiante e foi andando por um arremedo de estrada. No meio do caminho começou a ter dores estranhas e parou. Ali mesmo pôs um ovo muito grande para seu tamanho e condição masculina. Ao menos assim ele achava. Se sabia pato e patos não põem ovos. Tinha duas patas, mas não era uma Pata e assim começou seu dilema existencial - Ele se chamava José, teria que ser chamado de Alice, dali pra diante?


Encostou-se no ovo, pensando confuso, quando a casca, sob o calor de suas penas, começou a rachar. Surpresa total! Dali surgiu um ser verdoso, com a maior pinta de dinossauro, e o chamava: - mamaãe!

Ele quase pirou. Tentou não rejeitar o bichinho que continuava a chamá-lo de mãe e a segui-lo estrada afora.
Um marreco que andava por perto, percebendo o dilema do Patinho, indicou a ele uma palhoça adiante que exibia a tabuleta: Dona Gansa - psicanalista.

O pato não titubeou. Pediu ajuda e deitado num belo arranjo de palha começou a contar sua infância solitária, desconhecendo pai e mãe, e toda a sua confusão existencial sem se saber José ou Alice e como fazer para sustentar aquela criaturinha verde que crescia rápido e quase já o dobrava em altura.


Algum tempo depois de muito falar e sofrer, seguiu os conselhos de Dona Gansa e foi buscar suas origens na floresta. Com o Dino atrás dele a choramingar, José fez o caminho de retorno ao lar e, ao dar com a casca quebrada do ovo, sentiu um cheiro característico. Deu uma volta em torno do objeto e descobriu que sua dor de parto nada mais havia sido senão uma tremenda dor de barriga que ajudou o Dinozinho a sair da casca de tanto que a aqueceu! Mas, de quem seria este ovo?

Em sua busca floresta adentro, acaba encontrando um casal de dinossauros que procurava, muito aflito, o ovo deles que havia rolado não sabiam para onde.

Assim, o patinho cumpriu seu papel de curador do dinossauro bebe e foi muito festejado, resolvendo também seu próprio conflito.

Afinal, José era um pato, legítimo, sem dúvida alguma e, ainda por cima, um pato analisado!


contado e escrito em abril de 2011
para Luca e Sofia



2 Comments:

Blogger EDUARDO OLIVEIRA FREIRE said...

Adorei angela. Se estas histórias fosses lidas mais pelas crianças e adultos, a nossa sociedade não seria tão doente.

10:59 PM

 
Blogger Angela said...

Obrigada Dudv! As crianças tem o dom de despertar em mim esta contadora de besteirol e corro o risco deles custarem a dormir, pois quando invento bobagens deste tipo eles soltam o riso e ficam mais espertos.
Agora o Luca, com seis anos, pede: vó conta piada? E depois pede: agora histórias de mito. E escolhe sempre os mais terríveis. Ama Saturno porque engolia os filhos ;D!

12:39 AM

 

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