Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

2.6.12

EXANGUE



  
E o cansaço vinha galopante. Parecia que o tinham surrado sem deixar tempo para um sopro de ar. Renunciava à vida e a perseguir a estrada que lhe fugia sob os pés neste inverno sem, ao menos, a brancura de uma neve. Frio seco areento, estéril e constante. Deserto de futuros. Percebia que Eros tinha sido engolido por Tanatos e este gargalhava sobre o alazão, golpeando o exaurir das forças. Ou será que o animal que desfazia os laços com a vida externa, puídos pela exaustão, não seria uma máscara de Eros?

Gargalhava, era certo, um riso urgente e frouxo de vencedor impiedoso. Uma caverna seria bem-vinda, um buraco, um túmulo, uma lagoa em cujas águas pudesse voltar às origens vazias e ocas do nada ser, apenas uma possibilidade de renascimento.

escrito em 03-07-2008