Como ratos

Quando participei de experimentos com ratos, aprendi que esses animais, naturalmente pacíficos, tornavam-se paulatinamente mais agressivos na medida em que espaço e alimento, assim como as fêmeas, eram reduzidos. O instinto de sobrevivência ativado pelo medo da morte mostrava suas garras.
Na humanidade de hoje acontece coisa semelhante, embora suas manifestações possam parecer mais requintadas. A população do mundo aumenta. Embora o alimento exista, é mal distribuído. O espaço se torna menor, notadamente nos grandes centros urbanos e as possibilidades de emprego e segurança material se apequenam.
Nem todos têm condições para acompanhar o aperfeiçoamento exigido, na quantidade e rapidez com que o conhecimento avança.
Invadidos em seu território, ameaçados e temerosos, alguns comportamentos crescem em número e ferocidade. A formação de grupos que se organizam pelas semelhanças e ganham força para combater os que, supostamente os ameaçam, apenas porque são diferentes. E o preconceito cresce e discrimina tudo aquilo que é visto como hostil à integridade das turmas. A cada dia, uma faceta humana se transforma em símbolo desta ameaça e, mesmo que não haja perigo algum em seu comportamento, a agressividade cairá sobre os que carregam a tal característica, para que, uma vez destruídos, reduzam a população excessiva.
Assim, a cor da pele, o gênero, a fé, hábitos culturais e tudo o mais que enriquece a vida e a humanidade precisam ser banidos, tendo como base o medo e o instinto de sobrevivência.
Estamos nos transformando em ratos medrosos.
Hoje vi um vídeo terrível que ilustra este temor:
http://videos.sapo.pt/bzhAVZizTtzpJG0sHH1n
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Escrito em 28- 04-2010