Sente uma saudade imensa das tardes frias de outono na pequena cidade do norte. As folhas, ainda afogueadas pela lembrança do sol, batiam nas janelas sopradas pelo vento frio que cantava lá fora. Sentada na poltrona larga e aconchegante, a manta sobre as pernas, segurava entre as mãos a chávena de chá, que espalhava seu aroma pela sala. O prazer da leitura, sob a luz tênue que o abat-jour despejava sobre as paginas do livro. O abençoado silêncio.
Ao lado da lareira, a garrafa de vinho, o pão sob o pano de linho e o queijo, aguardam a refeição da noite. Uma paz imensa e a certeza serena de que assim era feliz, enchem-lhe a alma.
Pela nostalgia deste lugar onde nunca esteve e de tudo que jamais viveu, se pergunta: Memórias soltas, de quem?
Escrito em 20-08-2009