à flor da pele

Assim se comportam seus demônios. Por vezes, teimam em brotar do fundo, chegando quase ao exterior. Alguns os veem ou pressentem e, quase sempre, tem reações de medo, repulsa e decepção. Sob a pele rósea e as formas doces e curvas, os cabelos bastos e longos principiam a revolução. Sua alma se contorce e se arrepia, as unhas desejam abrir fendas nos músculos, romper a pele a libertar pulsões, há séculos interditadas às mulheres.
E ela roda e se arrebenta em chamas e ao parir a si mesma, resgata o primitivo animal que, alojado nas entranhas, defende-a dos abusos permitidos aos machos desde que perceberam em si mesmos o medo e impotência diante dela - a força geradora.
escrito em 24-05-2009 - para todas as mulheres que sofrem estranhas e dolorosas tensões.