Duas faces
Acabou a semana santa e volto à vida pagã e aos assuntos pessoais. Observem estas ilustrações:
Arthur_Rackham Helen_Oxenbury -
capas para Alice no pais das maravilhas
Um dia destes encontrei na internet uma página com algumas capas para o livro de Lewis Carroll. Entre todas, estas duas me chamaram especialmente a atenção pelos enfoques, quase opostos, escolhidos pelos autores.
Na imagem à esquerda,de Arthur Rackham, Alice me parece, senão angustiada, pelo menos confusa. As cores e a expressão da menina, me remetem ao medo que senti em meu primeiro contato com esta história, através do filme criado pelos estudios Disney. Eu era muito pequena e as situações surreais do filme despertaram em mim muitos sentimentos angustiantes. Hoje me pego pensando como uma criança tão pequena poderia ser tão racional ou necessitar tanto que o mundo o fosse, talvez porque sentisse seu mundo interior muito vulnerável.
A segunda imagem, de Helen Oxenbury, me parece leve e alegre. Alice está solta em seu vestido leve e informal e, o que é melhor, parece amigona do coelho! Não consigo perceber o menos sinal de temor ou susto nesta imagem. Acho que foi esta uma das melhores soluções encontradas por meu psiquismo no decorrer de minha vida, aceitar e ficar amiga de meus medos e relaxar. Alice hoje é uma diversão criativa e o personagem que, no filme, mais me amedrontava porque saía totalmente de meu controle - o gato risonho e listrado- hoje me diverte bastante.
Estes dois desenhos acima foram feitos por um homem e uma mulher e isto muito me esclarece sobre duas de minhas partes.A pessoa séria, controlada, que procura conhecimento e exatidão e a menina que ri e brinca, leve e solta, dentro de mim.
Nossas escolhas são sempre um reflexo de nós, assim como os valores que colocamos sobre elas.
Angela
3 Comments:
A mulher, de natureza introspectiva e mais Ying. O homem, de natureza mais activa e mais Yang. As duas imagens. E um ponto de equilíbrio, ali no meio. :) Gosto de Alice no País das Fantasias, do gato e do coelho trapalhão.
7:56 AM
Que excelente observação, querida Ângela!
A Alice tem tanto o que se lhe diga... bom este olhar a partir de quem lê, não de quem escreve, aqui plasmado no desenho. Por isso cada vez mais me interesso pela ilustração: poder melhor ler/ver o que alguém está a ler.
12:24 PM
Foi assim, folhinha, e ainda é! Tentamos equilibrar a nossa balança mas como nos mostra o Tai chi, este equilíbrio é um movimento constante entre o claro-escuro! Balanças só estão azeitadas e reguladas quando em movimento senão enferrujam!
Uma coisa que me ocorria vendo Alice, aos 7 anos mais ou menos, foi que o casal real se assemelhava muito a meus pais. A rainha forte, desvairada em poder e o pobre rei, miudinho que ficava entre o medo e a tentativa de acalmá-la! No meu caso estes conceitos de Yin e Yang eram expressos por figuras trocadas, como no desenho em Alice!
Sabe Dora, sou apaixonada por imagens pois elas dizem tanto,e mostram tudo aquilo que o pensamento, por vezes, atrapalha ou confunde.
Acho que penso e falo demais entretanto amo o silêncio, as melodias e as imagens...eles comunicam a alma...
Fico feliz por sua visita.
7:15 PM
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