Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

13.8.06

Julieta

Julieta Sarmento Dias Coelho
desenho meu sobre a foto

Ela nasceu em 13 de agosto. Era uma sexta feira e, ao contrário do que muitos pensam, foi uma pessoa de muita sorte. Teve, principalmente, a sorte de ser quem foi. Não foi sorteada pela fortuna material a não ser pela beleza que a acompanhou até o fim de seus dias.

Trabalhou muito, casou-se e não teve filhos. Ele, engenheiro, Português, belo e honesto, não conseguiu ficar longe das origens e ela, não se adaptou ao inverno e aos hábitos da família do marido.
Entretanto, mesmo à distância, permaneceu casada e fiel. Tinha muitos amigos com os quais jogava, viajava nas férias e ia regularmente à praia.Morou sózinha desde que minha avó, a mãe de quem cuidou bastante, faleceu. Era a mais velha das irmãs de minha mãe e me foi dada como madrinha.

Tivemos atritos em minha adolescência pois tinha conceitos morais rígidos e era um tantinho autoritária para minha personalidade rebelde e independente. Mas, foi uma das pessoas com quem mais aprendi e que mais mereceu meu respeito e admiração.

Reta, simples, discreta, auto suficiente, bela, chic e, acima de tudo, digna.
Acompanhei todo o final de sua vida com o prazer e a honra de poder cuidar dela enquanto ouvia suas histórias de vida, recebia seus ensinamentos e acompanhava seus preparativos para sua morte e depois.

Não, não pensem que era mórbida ou cruel, nem se vitimizava, apenas vivia com a mais absoluta serenidade e veracidade a sua fé e a realidade da vida.

Com tranquilidade e muita lucidez me orientou para que tomasse todas as providências para que suas vontades fossem seguidas. Cumpri suas determinações com rigor e respeito, desejando todos os dias, aprender a ser desta maneira quando chegasse o meu momento.

Dei graças a minha mãe por tê-la escolhido como minha madrinha. Ela foi meu exemplo e, durante esta "escola de vida" aprendi sobre integridade, esperança e fé. Mas, o mais importante foi o sentimento que este convívio fez nascer em mim e que não sei como chamar pois inclui respeito e admiração e estes sentimentos sempre me pareceram compatíveis com certo distanciamento e idealização.

Com relação à "tia Julieta", meu setimento foi bem maior e acho que posso chamá-lo Amor. Ela o recebeu em vida.
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3 Comments:

Blogger 125_azul said...

Parabéns a Julieta que já partiu pelo dia de memórias felizes que dixu. Que homenagem bonita! Beijinhos

10:15 AM

 
Blogger 125_azul said...

Deixou. Eu e minha pressa!

10:15 AM

 
Anonymous Anônimo said...

temos que mostrar amor em vida...

12:17 AM

 

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