ASAS
Let me fall - Tiago Palma
Há algum tempo, encontramos entre os pertences de Alberto Santos Dumont, ainda guardados em família, páginas de um manuscrito inédito escrito em francês pelo aviador e traduzidas por sua sobrinha neta. São mais de 300 páginas onde está detalhada toda a história da aviação, desde os mitos até o ano de 1901.Além da importância do conteúdo, o mais interessante a constatar é a sensibilidade de Santos=Dumont quando descreve as sensações que teve na experiência de voar. O livro começa com referências à mitologia e o desejo do ser humano pelo espaço aéreo.
Há algum tempo, encontramos entre os pertences de Alberto Santos Dumont, ainda guardados em família, páginas de um manuscrito inédito escrito em francês pelo aviador e traduzidas por sua sobrinha neta. São mais de 300 páginas onde está detalhada toda a história da aviação, desde os mitos até o ano de 1901.Além da importância do conteúdo, o mais interessante a constatar é a sensibilidade de Santos=Dumont quando descreve as sensações que teve na experiência de voar. O livro começa com referências à mitologia e o desejo do ser humano pelo espaço aéreo.
Permitiram-me a publicação antecipada, de um pequeno trecho inicial:
AEROSTAÇÃO MITOLÓGICA
por Alberto Santos=Dumont
O problema da conquista do ar é velho como o mundo.
O homem enfrentou este irritante problema, no dia em que fez sua entrada em cena no vasto teatro da criação com os grilhões da gravidade presos a seu tornozelo, e levantou para o céu o primeiro olhar de admiração e inveja. Ele se indignou com as correntes invisíveis que o prendiam ao chão, enquanto que, sobre sua cabeça a nuvem, o pássaro, a borboleta, o vil inseto, dotados generosamente na divisão desigual dos privilégios, percorriam há muito tempo o livre espaço.
E empurrando desdenhosamente o chão com o pé, elevado pelo seu ideal acima da realidade ambiente, o homem alçou vôo nos seus sonhos através os espaços proibidos e desejou adaptar a si, artificialmente, as asas que a natureza madrasta lhe havia negado.
As asas eram, aos olhos do homem primitivo, mais do que um órgão de movimento. As asas eram a imagem, o símbolo da liberdade para a qual inconscientemente suas aspirações nativas o levavam.
As asas eram o emblema da felicidade perfeita, o supremo atributo que sua imaginação religiosa se comprazia em dar ao ser imaterial, em adornar o gênio, em enfeitar a própria divindade.
Na sua filosofia ingênua, a idéia de um espírito superior se confundia simplesmente com a idéia de um espírito alado.
Foi por isso que, imediatamente, o homem levado por essa necessidade ainda confusa mas irresistível que suscitava nele o sentimento de sua imperfeição indefinida, quis se dar a faculdade sublime de voar.
AEROSTAÇÃO MITOLÓGICA
por Alberto Santos=Dumont
O problema da conquista do ar é velho como o mundo.
O homem enfrentou este irritante problema, no dia em que fez sua entrada em cena no vasto teatro da criação com os grilhões da gravidade presos a seu tornozelo, e levantou para o céu o primeiro olhar de admiração e inveja. Ele se indignou com as correntes invisíveis que o prendiam ao chão, enquanto que, sobre sua cabeça a nuvem, o pássaro, a borboleta, o vil inseto, dotados generosamente na divisão desigual dos privilégios, percorriam há muito tempo o livre espaço.
E empurrando desdenhosamente o chão com o pé, elevado pelo seu ideal acima da realidade ambiente, o homem alçou vôo nos seus sonhos através os espaços proibidos e desejou adaptar a si, artificialmente, as asas que a natureza madrasta lhe havia negado.
As asas eram, aos olhos do homem primitivo, mais do que um órgão de movimento. As asas eram a imagem, o símbolo da liberdade para a qual inconscientemente suas aspirações nativas o levavam.
As asas eram o emblema da felicidade perfeita, o supremo atributo que sua imaginação religiosa se comprazia em dar ao ser imaterial, em adornar o gênio, em enfeitar a própria divindade.
Na sua filosofia ingênua, a idéia de um espírito superior se confundia simplesmente com a idéia de um espírito alado.
Foi por isso que, imediatamente, o homem levado por essa necessidade ainda confusa mas irresistível que suscitava nele o sentimento de sua imperfeição indefinida, quis se dar a faculdade sublime de voar.
8 Comments:
O sonho de Ícaro! Quem já não desejou um dia ter asas para voar?
abraços Pitanga
12:06 PM
Eu gostaria de voar...
2:26 PM
Ursamãe,nada de especial, mas tenho umas fotos lá no meu blog que vão responder a algumas dasquestões que colocou por mail.
5:41 PM
Tou bobona, estes dias! Com saudades e vontade de pegar meu povo e voar. Aterrissar no Rio, so para começar... Ahhhh. Beijinhos
5:43 PM
Pitanga,
É isso! Mas há quem não goste de vôos de espécie alguma. Há quem fique na terra, preso igual minhoca entalada!
Santos Dumont menciona Ícaro e muitos outros mitos relacionados ao vôo neste seu lindo livro ainda não publicado.
11:37 PM
Eu também Eduardo... e sonho muito que levanto vôo sem asas, sem nada além de uma propulsão interna.
Aliás, o povo de Ideália voa. Você já leu as primeiras postagens onde descrevo ideália e a vida de seu povo? Se quiser ler foi a partir de 18 de fevereiro deste ano. um bj. pra vc.
11:40 PM
C-mim,
Estaria vc.falando das fotos de Lisboa que, gentilmente acabou por me enviar as direções?
obrigada fadinha!
11:42 PM
125, azulinha!
Vem, pede um pó de pirlimpimpim à fadinha e pousa, com todo mundo, logo aqui no aterro, em frente ao porcão Rio's, sabe? Ali tem um lugarzinho sagrado, bom para todos os pousos duradouros! Vem!
11:46 PM
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