Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

21.4.06

De bom humor

Muetter - Mães - GÜNTER MEINDL
YACY

Ante as indefinições e frustrações amorosas, o instinto reclamando, a necessidade de transformar em realidade as fantasias infantis, resolveram ter um filho.
_ É uma gracinha! Olha que lindo! Tão fofinho!
_ Dá um biscoitinho pra ele. Como faz careta!
Assim passavam o tempo brincando com a “gracinha” da amiga, visita inesperada que, sem saber, seria o estopim das mais delirantes elucubrações.
_ Tão bom ter um filho, não?
_ É,...Nosso tempo está passando... Estes caras de hoje não querem nada! Ou são machões ultrapassados, bofes totais, nos colocariam nos grilhões do casamento... E, nem pensar... Isola! Ou, quando têm a cabeça aberta, gatinhos... São casados ou gays e, falar em filho,... de-sa-pa-re-cem...
_ Mas, pensa bem... É isso mesmo, a gente tá aqui, brincando com o neném, gracinha e tal, mas acabou daí vamos à vida, livres, enquanto a mãe tá lá. Não dá pra botar num canto, igual boneco, que não vai chorar, ficar com fome, fazer cocô, acordar de noite, etc...etc...
_ É, é foda! , tem esse lado, mas... Que tal... Se a gente se revezasse...
_ Como assim?
_ Podemos ter um filho juntas.
_ Tá doida, esqueceu que somos mulheres e que a ciência ainda... E tem mais, mesmo que pudesse, eu queria um filhO e mulher sozinha só pode gerar mulher!
_ Aí está um impasse, eu queria uma menina! Mas, isto a gente vai ter que deixar ao acaso, fora a possibilidade que temos de usar nosso poder mental e ver quem consegue influenciar a mãe natureza!
_ Tudo bem, só que você ainda não disse como podemos fazer um filho, não tá pensando em Espírito Santo... Mesmo porque acho que ele está meio desativado, com esta história de poluição atmosférica e... Tem mais, tenho alergia a penas! É um tal de espirrar!
_Puxa! Você é mesmo lerda! É claro que vamos conceber nos moldes tradicionais, afinal você acha que vou perder o mais gostoso? Sou francamente hedonista ô cara, e não quero só o pepino não!
_ Tudo certo, então vamos ter um filho, você trepa, goza e eu descasco o abacaxi, é isto? Amigona legal você!
_ Nada disso, escuta aí: Nós arranjamos um pai escolhido, transado, um cara legal, orgulho da raça, sem sífilis, AIDS e com uma cabeça boa, aí transamos com ele (de olhos vendados seria melhor, sem saber quem é quem). Uma de nós vai engravidar, na sorte, e aí o filho será nosso, no cartório e tudo. Eles vão estranhar, emperrar, mas a gente resolve, afinal tenho um tio que é parente de um figurão... _ Nós dividiremos os cocôs, as fraldas sujas, as noites mal dormidas, etc... E curtiremos os prazeres maternais...

Trato feito, pormenores postergados, lançaram-se de cabeça, mãos, pés e, principalmente, sexo, na busca do parceiro especial.
Resta dizer que uma delas, Cristina, dona de uma pequena loja de artigos naturais, natureba convicta, nem podia imaginar como garanhão alguém que não fosse um verdadeiro leão marinho: louro, forte, alto, saudável, com grande intimidade com o sol e o mar, seus ídolos de fé.
A outra, Bianca, boêmia, nostálgica, amante da lua e das madrugadas, tinha como meta um procriador com boa dose de intelecto, poesia, e em cujas veias circulasse música e vodka. Sendo proprietária de um bar, seu ambiente de trabalho era o viveiro ideal para sua busca.
Após discussões e concessões, Cristina habilmente envolve seu mais assíduo comprador de licores e pinga artesanal, e leva-o para assistir a um show no bar da amiga.
_ Afinal, Bianca, acho que encontrei! Não é perfeito, mas tem boa saúde, é doador universal, não é propriamente um intelectual, mas bastante sensível e, entre um afogamento e outro, até que encontra tempo para ler um pouco!
_ Como? E a música? Se não curtir música, não dá!
_ Calma menina, ele toca violão e compõe um folk-new wave que é um barato, além de ser o maior consumidor de pinga que conheço. Mas, só pinga artesanal, porque, além de naturalista é fiel aos nossos costumes! Nada de entreguismos, nem de direita nem de esquerda, não é uma graça?
_ Tá legal, tô quase convencida, mas e a pinta, que tal?
_ Vem ver, ele tá aí, um G-A-T-O!
Bianca já chegou miando (afinal, o último passo era conquistar o moço para seus propósitos, sem que ele desconfiasse; “envolvimento natural!”).
Madrugada adentro, várias garrafas de licor e pinga vazias e o moço tava conquistado. O motel mais próximo foi escolhido e para lá rumaram sem esquecer a venda negra para a “brincadeira de cabra cega”.
_ Vem cá gatinho, fecha os olhos. Com a venda, você vai ter que sacar com quem está transando... Seus sentidos vão ficar mais à tona, vai ser ótimo!

Após várias horas, o moço sai exaurido, trôpego, preocupado com as possíveis vítimas das ondas, abandonas por ele, ao sol do meio dia.
As duas, estateladas, permanecem dormindo, enquanto sonham com a idealizada maternidade.

Semanas após...

_ Já estou com um atraso considerável...
_ Eu também...
_ É, temos que checar isto! Afinal podemos estar criando... Sabe, a cabeça, nessas horas, é uma barra! Vou a uma farmácia comprar um daqueles testes.
_ Bobagem, nem sempre são exatos, prefiro o exame de sangue, é mais confiável.
_ Pra mim o teste serve, é mais rápido, mais barato e dá no mesmo. Não sei pra que tanta exatidão!
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_ Olha só! Conseguimos! Estou grávida! Afinal, vamos ter nosso filho, já estou me sentindo tão mãe!
_ Peraí cara, acho que tamos na maior confusão! O meu teste também deu positivo. Com essa a gente não contava! Era um filho só, imagina dois! Ainda mais com essa abundante fertilidade, quem sabe gêmeos, trigêmeos, poligêmeos... Socorro!
_ Tá maluca? Isola! Não acredito! Você e esse teste! Acho bom você fazer um exame de verdade!
_ Quero não, tenho horror de tirar sangue... desmaio sabe?
_ Mas não podemos ficar nesse impasse e...
Eu não aborto, já tô avisando! Sou contra e esperei demais por isso pra agora por tudo abaixo só pela sua teimosia.
_ Tá bem, você venceu. Vou fazer o exame, mas de urina, tá legal?
_ Qualquer coisa é melhor que a dúvida. Amanhã cedo. Vou junto.
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_ Viu só? Negativo. Acabou o problema.
_ Nada disso, informaram que esse exame, quando dá positivo é isso mesmo, mas quando dá negativo, pode estar furado, sacou? Além do mais eu ME SINTO grávida, entende?
_ Você e sua cabeça! Te conheço menina, se você conviver com uma borboleta é bem capaz de sair por aí, voando de flor em flor!
_ Que irritação! Quer parar com isso? Ninguém me leva a sério!
_ Tá bom, nada a fazer, o tempo dirá, e se for isso mesmo não há solução senão rezar para que sejam SÓ DOIS FILHOS!!
Tempo correndo, a gravidez de Cristina se desenvolvendo sob cuidados profissionais competentes, enquanto Bianca intrigava os médicos com os sintomas irrefutáveis de uma gestação negada pelos laboratórios.
_ Mais um exame negativo, Bianca. Confesso minha total confusão. Ouço os batimentos cardíacos do feto, faço um toque e nada encontro, alguns exames de laboratório confirmam taxas hormonais compatíveis com o 6º mês.
_ Mas, Doutor Mendell, e a ultra-sonografia?
_ Aí é que está! Resultado nunca visto antes! Percebe-se o feto numa configuração inespecífica, aparecem manchas e tons impossíveis neste exame!
_ Ah meu Deus, a venda! Será...
_ Venda? Que venda?
_ Nada, Doutor, deixa pra lá, tô só pensando alto.
_ Seu estado geral é ótimo, fora o inusitado, tudo corre bem, vamos aguardar. Afinal, a medicina ainda tem muito a descobrir.
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_ Bianca, estou começando com cólicas, acho que o nosso filho está querendo nascer!
_ Eu não tava querendo te falar, você já vai dizer que sou influenciável, simbiótica..., Mas eu também sinto coisas...
Madrugada de espera, telefonemas ao médico, pela manhã já estão na maternidade se preparando para o tão esperado parto.
O mesmo obstetra, a mesma hora, a mesma sala, as duas se esforçam juntas.

_ Agora Cristina, vamos lá, já está coroando...
_ Aí Bianca, força menina, sinto algo, mas não consigo ver... É estranho, mas... Tudo vai dar certo... Calma...
Atônita, a equipe acompanha, como em transe, o nascimento do bebê de Cristina, vermelho, forte, palpável, enquanto de Bianca brota algo que não se vê, mas que é sentido, percebido.
Impossível descrever o impacto do choro do bebê de Cristina, no momento em que o médico dá a clássica palmada no bumbum invisível do filho de Bianca.
Mais tarde, no quarto, chega para mamar o filho tão esperado. Na expressão das duas, o mesmo sorriso de orgulho, a mesma íntima certeza da missão cumprida.
_ Você entendeu, Cristina?
_ Claro Bianca. Só poderia ter sido assim. Agora temos um filho realmente NOSSO, corpo e espírito, não é?
Enquanto isso, na sala dos médicos, a agitação continuava:
_ Ora, vá se entender esta loucura! Isto é caso de estudo sério, temos que consultar especialistas internacionais!
_ Não podemos deixar transpirar este caso enquanto não tivermos esgotado todas as possibilidades! Já imaginou que tese ímpar, que glória! (dizia o Doutor Mendell, mais preocupado com sua candidatura à presidência do Conselho, que com o progresso científico).
_ Pior que tudo é a indefinição desta criança! Até agora não podemos defini-la como menino ou menina, não se trata nem de hermafroditismo, ao menos como o conhecemos!
_ Entretanto, reparou que nenhuma das duas sequer se espantou ou se preocupou com isto? Todo o tempo é como se soubessem e desejassem isto!
_ Isso é coisa de Exu, sinhô Doutor, tenho certeza! Elas têm parte com o demônio (sentenciou a faxineira que, disfarçadamente, limpava os cinzeiros).
_ Cala a boca, Efigênia e, não comente nada do que ouviu aqui, senão perde o emprego, AGORA SAIA!
_ Não se preocupe Mendell, ela é tão imbecil e este caso tão inverossímil, que ninguém dará crédito!

No quarto, felizes, as mães conversam:
_ Que bom, conseguimos até mais do que pretendíamos. Eu tenho o meu menino e você a menina que queria.
_ É ótimo, e como vamos chamá-lo/la? Fica difícil, a gente está tão acostumada aos padrões!
_ Que tal Darcy? É tão dúbio!
_ Não gosto, vai me lembrar sempre os Vargas!
_ Não quero nomes importados. A menos uma homenagem ao pai, não esqueça que ele é nacionalista. _ Tá bem, desde que você não apele para seu naturalismo e queira chamá-lo de alface, própolis ou algo no gênero!
_ Deixa de bobagem, sou mais pelos nomes indígenas, que acha de Yacy? É pequeno, soa bem e não define sexo.
_ Não gosto muito, mas não consigo pensar algo melhor. Fica assim, ao menos por enquanto.
_ Aliás, enquanto você dormia, liguei para meu astrólogo, dei os dados e pedi que fizesse o mapa astral do neném. Ele virá hoje aqui. Assim teremos uma orientação segura para melhor educá-lo.

Assim, Yacy, nascido sob o duplo e confuso signo de Peixes, com ascendente no duplo e dividido signo de Gêmeos, tendo a lua no indeciso signo de Libra e os planetas rigorosamente divididos entre os hemisférios, tornou-se também o “pratinho” dos astrólogos. Entretanto, podiam afirmar que, com o sol posicionado no alto do céu, brilharia na vida, com certeza!
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_ Que rapaz gentil, dona Cristina, a Sra. deve se orgulhar de ter um filho assim, uma dama!
_ Obrigada. Yacy realmente conquista a todos. Desde que começou a me ajudar na loja, o movimento cresceu bastante.
_ Yacy, hoje você não vai para o bar à noite, sua saúde vai se ressentir. De manhã você estuda, à tarde trabalha aqui e, toda noite, fazendo aqueles shows, não dá. Afinal, não estou me matando para você estragar sua vida. E depois, já te disse que tive um filho HOMEM, compreendo sua sensibilidade delicada, mas já está passando dos limites!
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_ Que moça fantástica essa sua filha, Bianca. É inteligente, tem uma personalidade versátil, artista de fato e, além de tudo, é linda!
_ Que bom que você acha isto. Eu concordo, mas sou suspeita...
Já reparou como o bar tem estado lotado depois que ela começou a fazer os espetáculos?

_ Yacy, vem cá, você está parecendo cada vez mais cansada. Também com esta vida! Acho melhor você passar seu curso para a tarde e deixar a parte da manhã pra dormir. Eu estou me acabando para fazer de você um sucesso e não é justo você se estropiar para ir trabalhar numa lojinha! E tem mais, já cansei de te dizer que tive uma FILHA. Até entendo seu gosto por trajes masculinos, é mais prático, esportivo, mas já é hora de começar a se interessar pelos rapazes; olha quanto garotão bem nascido e forrado que baba por você!

Cada vez mais confuso, dividido e indeciso, Yacy era um ser humano que sonhava ser livre e só. Era como uma planta morrendo por excesso de regas.

_ Você tem que parar com isso! Deixa meu filho em paz!
_ Seu filho? MINHA FILHA! E é você que tem que parar de perturbar o sucesso dela. Lembra do astrólogo, ou já se esqueceu?
_ É só nisto que pensa? Sucesso dele ou seu? E por que ELE não pode ser um sucesso em nutrição?
_ HA! HA! Nutrição ou comércio? Querida, você tem matado a criança para faturar!
_ Você tá ficando velha e amarga Bianca. Já esqueceu dos nossos planos, do tempo em que a gente se entendia e só nos preocupávamos em lavar bem as fraldas, dar de mamar, ir ao pediatra, remédios, embalos, canções de ninar, era tão bom!
_ Aquele tempo passou, não tínhamos tempo nem de pensar noutra coisa. Você tá ficando velha, esclerosando e agora cismou de querer que Yacy seja ELE!
_ Tá bem, estou esclerosando e você também. A gente fica velha e qualidades e defeitos ficam mais fortes. Não abro mão, quero meu menino!
_ É isso aí, também não abro mão. É minha filha e você vai ver quem ganha. Vamos à justiça.
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Após ouvir os advogados de ambas as parte, o Juiz comete o desatino de dar a palavra às querelantes.
_ Dr. Salomão, é uma injustiça! Gerei esta criança, dei-lhe meu sangue e agora esta mulher quer roubá-lo! (choro copioso e controlado).
_ Roubá-la coisa nenhuma, eu lhe dei o espírito, gerei sua alma e sei bem que é MINHA FILHA! (choro convulso e dramático).
_ Que espírito nada! Sem corpo nada se faz, estamos na terra e somos matéria!
_ Queria ver uma matéria inanimada, sem vida, impossível! O espírito é o que diferencia os seres. Você é uma materialista grosseira, não merece ser mãe!
_ Você é que é uma fantasista de primeira, vive nas nuvens, não tem senso prático para criar um filho!
_ Caladas, senhoras, já ouvi o suficiente para perceber que ambas querem igualmente esta criança, perdão, jovem. Sendo assim, eu determino que se cumpra à risca seu destino; que seja dividido ao meio e que cada uma fique com a sua parte: corpo e espírito.
_ Não! Ele morreria, ou se tornaria um imbecil!
_ Não! Ela não poderia exercer sua sensibilidade e inteligência, eu não poderia afagá-la, as pessoas não a admirariam!
_ Muito bem, sendo assim, como esta criatura já tem maioridade, ambas terão que abrir mão da posse. Yacy está livre, decretou Salomão.
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_ Estranha essa pessoa, não acha?
_ Daria tudo pra saber o que faz tanto tempo trancada.
_ Desde que lhe alugamos o quarto quase não sai. Discreto, educado, parece culto...
_Parece que sua vida é só estudo e trabalho. Já viu a quantidade de livros no quarto?
_ O que mais me intriga é jamais saber se é homem ou mulher.
_ Também, com esse nome indefinido... Vai ver a mãe tinha a mesma dúvida.
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Anos mais tarde...

_ Olha isto aqui! Esta notícia da primeira página. Não é aquela pessoa que morou aqui em casa?
_ Deixa ver, é sim... Ele ou ela mesmo, incrível! Tínhamos um gênio em casa e não sabíamos. Quem sabe ele lembra da gente!
_ Me dá aqui. Deixa eu ler direito.
Emocionante: “Jovem ganha Prêmio Nobel da Paz e da Ciência por sua descoberta do nascimento humano por Geração Espontânea”.
_ O que é geração espontânea, hein pai?
_ É mais ou menos como brotar sem pai nem mãe, filho.
_ Pô, legal! pena que não se descobriu antes...
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_ Tão linda nossa criança com toda essa glória, não é Bianca?
_ É mesmo! Até que soubemos criá-la, Cristina. Podemos estar orgulhosas.
_ Lembra do astrólogo? Tava certo...
_ É... Só não entendi uma coisa...
_ O que?
_ Por que o Nobel da Paz?
_ Não sei, também não entendi...
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©Copyright ANGELA DE PÁDUA SCHNOOR RJ. 1983

3 Comments:

Blogger 125_azul said...

Nobel da Paz? Sabidona!!!

5:16 AM

 
Blogger Folha de Chá said...

:) Com aquelas duas brigando, só um Nobel da Paz as conseguiria voltar a unir.

2:10 PM

 
Blogger Angela said...

Só a geração expontânea poderia gerar a paz! Não haveriam mais posses, controles e nem os consequentes atritos, ao menos dentro das famílias!
esta era a minha idéia...

cada um percebe a seu modo...as idéias existem por geração expontânea:)

11:48 PM

 

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