Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

18.3.06

Sobre rituais




Hoje, recebi de uma pessoa amiga esta mensagem:

"Viajando" no site do Be it Chabad, entrei na seção de pergunte ao Rabino.

Encontrei uma pergunta feita de forma provocadora, e a resposta foi tão

"à Altura", que não tenho como não compartilhá-la com vocês.

A PERGUNTA:

Por que a religião judaica parece tão obcecada com detalhes insignificantes?

Quanta matsá temos de comer, qual colher usar para leite e qual para carne,
Qual é a maneira certa de amarrar meus sapatos?

Para mim parece que isso deixa de lado o mais importante, concentrando-se em
minúcias.

É isso que os judeus chamam de espiritualidade?

(Já lhe enviei esta questão há uma semana e não tive resposta.

Será que finalmente você recebeu uma pergunta que não pode responder?!)

A RESPOSTA:

Pelo Rabino Aron Moss

Jamais aleguei ter todas as respostas.

Há tantas questões que estão além do meu alcance.

Porém a verdade é que respondi à sua pergunta, e você obteve sua resposta.

Assim que a recebi, enviei imediatamente um Reply.

O fato de você não tê-la recebido é em si mesmo a resposta à sua pergunta.

Veja, enviei a sua resposta, mas escrevi seu endereço de e-mail sem colocar o "ponto" antes do "com".

Achei que você receberia o e-mail assim mesmo, porque afinal, era apenas um pequeno ponto faltando.

Ou seja, não é como se eu tivesse escrito o nome errado ou algo drástico assim!

Qualquer pessoa seria tão minuciosa para diferenciar entre "yahoocom" e "
Yahoo.com"?

Não é ridículo que você não tenha recebido o meu e-mail só por causa de um pontinho?

Não, não é ridículo. Porque o ponto não é apenas Um Ponto. Ele representa alguma coisa.

Aquele ponto tem um significado muito além dos Pixels na tela que o formam.

Para mim parece insignificante, mas isso se deve simplesmente à minha ignorância dos

Caminhos da Internet.


Tudo que sei é que com o ponto, a mensagem chega ao destino certo; sem ele, a mensagem

se perde por aí.

As práticas judaicas têm uma profundidade infinita.

Cada nuance e detalhe contém um mundo de simbolismo. E cada ponto conta.

Quando são desempenhadas com precisão, uma vibração Espiritual é enviada (como por e-mail) através do universo, até a caixa de Entrada de mensagens de Deus.

Se você deseja entender o simbolismo do ponto, estude A Internet.

Se desejar entender o simbolismo do Judaísmo, Estude-o.



Gostei desta resposta e só acrescentaria algo que considero verdadeiro para qualquer ritual em toda religião, seja ela qual for.

A espiritualidade nos remete para outras dimensões da vida e do psiquismo, muitas ainda mal compreendidas e para as quais ainda não temos explicação.

Precisamos de um "fio terra" para não pirarmos ao largar toda a racionalidade e controle, o que pode ocorrer. Por isso quase toda prática religiosa está vinculada a um ritual que mantém os pés no chão.

A união física com outras pessoas (muito usada em práticas indígenas, xamânicas e no candomblé) também faz parte dos rituais: Mãos dadas, pés descalços, formação em roda etc...

Existe uma historia oriental que conta quando o discípulo busca o mestre e pergunta como pode alcançar a iluminação. E o mestre responde: Vá lavar a cuia onde comeu.

Se estamos aqui neste planeta Terra, vivendo na matéria e ela é nosso veículo de expressão, se não temos uma prática e uma intimidade com nossas rotinas, nosso espírito não poderá se expressar a contento assim como um grande artista precisa dominar seu instrumento para melhor expressar sua arte.

Além de sintético e objetivo, o Rabino foi muito feliz em sua comparação.

Angela.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Também achei a resposta brilhante.

De qualquer forma já percebeu com toda a certeza que religião~, qualquer que seja, não faz parte da minha vida nem dos meus interesses.

E o que me preocupa são as barbaridades que se fazem em nome dessas mesmas religiões.

10:30 AM

 
Blogger 125_azul said...

Detalhes tão pequenos de nós dois... Roberto Carlos e seu transtorno obsessivo-compulsivo, mas tão próximo do brilhante Rabino, mesmo em quere, provavelmente.
Obrigada por me relembrar a importância do "ponto". Na pressa, às vezes esqueço

2:37 PM

 
Anonymous Anônimo said...

É que esquecemos que religião é uma necessidade de nos voltarmos a ligar com os significados da existência. Re- ligare é tão importante quanto viver pois daí é que saímos do chão e podemos obter um sentido para a vida.
A religião enquanto coisa do Homem para obter o poder de falar e mandar em nome de deus é que vc. não deve gostar.
As Igrejas fazem com que nos afastemos deste religar e aí ficamos tristes, perdidos, sem uma estrela que brilhe nosso caminho...
Não precisamos de dogmas ou de Igrejas mas podemos acender um altar em nossas almas e no coração.

9:10 PM

 

Postar um comentário

<< Home