Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

18.3.06

Anima - pequenas histórias femininas 6

Na maioria das mulheres as cicatrizes se encontram na alma

L'aube - foto de Christian Coigny

Conto 6
COMEMORAÇÃO

Acabara de sair do consultório médico. Estava livre!
O tempo de espera após a cirurgia tinha parecido longo demais para uma mulher ardente como ela!

A caminho de casa, imaginava a noite gostosa que teria nos braços do marido. Parou no super mercado para pequenas compras essenciais. Não queria demorar muito, pois todo o seu tempo estava reservado para a preparação da “sua festa”.

As filhas iriam do colégio diretamente para a casa de colegas e o mais novinho passaria a noite em casa dos avós.

Em meio às compras, não resiste à oferta do champanhe francês, pós réveillon, tão fora de seu orçamento apertado. Aquela noite merecia o melhor!

Em casa, arruma tudo rapidamente,(não é muito chegada às prendas domésticas) e se mergulha num banho especial de onde sai cheirosa e macia. Uma ligeira maquiagem e um sensual roupão terminam os preparativos pessoais.
Agora é só dispensar a empregada, colocar o champanhe no gelo e escolher a melhor música para o momento.

Recostada no sofá da sala, os pensamentos alimentando o desejo, ouve o barulho do carro na porta de casa. Ele entra e ela o abraça carinhosa e, sem lhe dar tempo sequer de se livrar da pasta de trabalho, conta com alegria a notícia de sua liberação do resguardo.

- “Que ótimo, está tudo bem então?”
- “Tão bem que não resisti e comprei para comemorarmos” fala enquanto vai abrindo a garrafa já preparada sobre a mesa.
- “Obrigado, mas você já devia saber que não gosto de champanhe... e depois... estou morto de cansaço, vou tomar uma coca e dormir logo. Amanhã meu dia promete ser daqueles!”.

Ele se volta e entra no corredor sem ver as lágrimas saltando dos olhos dela.

Deitada no sofá da sala tomando a ultima taça ela ouve os roncos que vêm do quarto enquanto se masturba pensando no possível amante que tinha dispensado recentemente, para não ser infiel ao marido.


©Copyright ANGELA SCHNOOR

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Como é triste a insensibilidade masculina.

Este não merecia que ela tivesse dispensado o possível amante!

Continuo a dizer que quase não existem Rafaeis neste mundo.

Beijinho

8:23 AM

 
Blogger 125_azul said...

às vezes eles merecem...

12:36 PM

 

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