MEMÓRIA DOS AVÓS

para Fábia, Anna e Carmen.

Hoje, depois que soube da frase do Luca: - “quero mais vovó”, expressando seu desejo de ficar mais aqui em nossa casa, estava pensando que, embora meu desânimo com a vida, seu ritmo e tudo o mais, acho que gostaria muito de viver tempo suficiente para que meus netos se lembrem que existi em suas vidas.

Não preciso que lembrem exatamente de mim, por mim, mas gostaria que eles tivessem uma boa lembrança de terem tido uma avó que os amou, aplaudiu e os apoiou e que encheu suas vidas de fantasias e coisas boas.

Quando leio textos de homens que se referem a seus avós, com carinho e lembranças especiais, posso perceber a importância destas experiências para a autoconfiança das crianças.

Sei que eles irão ter tudo de bom a partir de seus pais, mas avó é outra coisa, pois estamos ambos, netos e avós, mais perto de Deus (se posso dizer assim), e por isto não damos tanto valor a pequenas chatices que povoam os encargos, necessários, dos pais.

Que a casa da Vó pudesse ser um referencial de abrigo, de aconchego, de cumplicidade e de horas felizes. Acho que isto já faria minha vida ter tido um sentido, pois eu sei que poderei ser melhor avó do que fui mãe, pelo papel da avó em si mesmo e porque ficamos mais tranqüilos e simples, com o tempo de vida.

A esta altura, por mais que tenhamos, ainda, uma vida pessoal útil, temos mais tempo e disponibilidade para eles.

Quando estão com a gente são como Reizinhos, o centro de nossas atenções. Gravitamos ao redor de suas vontades e os limites só acontecem em duas circunstâncias: para evitar danos à sua saúde e integridade e para não desautorizar os pais.

Entretanto somos o porto onde podem encontrar esses limites expandidos e os netos podem ter a certeza de contar conosco como embaixadores de seus interesses junto aos pais e ao mundo adulto. Avós são por eles, com eles e a partir deles.
Afinal, quanto mais velhos, mais claras são nossas lembranças arcaicas e, mais próximos estamos de nosso ser criança.

Como sou grata a vocês por estes bebês tão amados e lindos e por estarem aí pra brigar, educar e se estressar enquanto nós curtimos esta relação tão linda, sabendo que seus dias de Vós também chegarão, e vocês vão nos entender melhor como acontece agora, com a compreensão do papel de mãe.

O amor muito grande da MM,TT,VV.

Em 19 de novembro de 2006. 16h40’ HV. Rio de janeiro.