Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

24.2.08

Um Livro que adoramos ler !

Ilustração do livro
OWL AT HOME - de Arnold Lobel.
feitas pelo escritor


Chá de lágrimas

A coruja pegou a chaleira
E tirou fora a tampa.
- ‘Hoje à noite farei
um chá de lágrimas’, ela disse.
Ela colocou a chaleira em seu colo.
- ‘Agora’, disse a coruja, ‘vou começar’.
Coruja sentou bem quieta.
Ela começou a pensar
Em coisas que eram tristes.
‘Cadeiras com pernas quebradas’, disse ela.
Seus olhos ficaram molhados
‘canções que não podem ser cantadas’,
disse a coruja,
‘porque as palavras foram esquecidas’.
Coruja começou a chorar.
Uma grossa lágrima
Rolou e caiu na chaleira,
‘Colheres que caíram atrás do fogão
E jamais serão vistas novamente’.
Disse a coruja.
E mais lágrimas caíram dentro da chaleira.
‘Livros que não podem ser lidos, disse a coruja.
Porque suas páginas foram rasgadas’.
‘Relógios que pararam,
Disse ela.
‘Pois ninguém está perto
Para dar-lhe corda’.
A coruja estava chorando.
Muitas lágrimas, ainda maiores,
Pingaram na chaleira.
‘Manhãs que ninguém vê
porque todos estão dormindo’
soluçou a coruja.
‘Purê de batatas deixados no prato, ela gritou,
‘porque ninguém quer comê-lo.
E lápis que estão muito pequenos
Para serem usados’
A Coruja pensou sobre
muitas outras coisas tristes.
Ela chorou e chorou.
Logo a chaleira
Ficou cheia com as lágrimas.
‘Então’, disse a coruja,
‘Está feito!’
A Coruja parou de chorar.
Ela colocou a chaleira no fogão
para ferver o chá.
Coruja sentiu-se feliz
Pois encheu sua xícara.
‘Tem sabor um pouco salgado’, ela disse,
‘Mas chá de lágrimas
É sempre muito bom!’




Nota: o texto é parte do livro : OWL AT HOME - de autoria de Arnold Lobel . O livro foi dedicado, pelo autor, à sua avó e a tradução do inglês para o português foi feita por mim.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

A história é muito boa e excelente literatura.

9:02 PM

 
Blogger Dona Betã said...

Gravíssimas razões para verter lágrimas :)))
Chá de lágrimas assim não deve ser amargo não!!!

Parabéns a esta avô tão corujinha! ...

10:55 PM

 
Blogger Angela said...

Dudv
O livro todo é muito bom!
esta parte eu gosto especialmente.

jg

Algumas até que são, de fato!
Deve ser salgadíssimo, mas quem sabe curam-se as tristezas! Similibus!
Obrigada meu amigo, sou uma felizarda e corujíssima neste papel de vó!

1:18 AM

 
Blogger 125_azul said...

Primeiro, parabéns ao anjo loirinho que gosta do Buzz como o primo moreno, com muitas cócegas, bolo e guaraná!
Vou copiar esse texto para dar às meninas e usar com os crianças aqui do consultório.
Beijo gordinho para vc, Beto e Fábia.

7:47 AM

 
Anonymous Anônimo said...

Este excerto é muito bonito.
Chá de lágrimas assim vertido, limpa a alma, e torna-se bebida agradável.

Um beijo MA

9:27 AM

 
Blogger Ana M said...

angela, querida, voltei para dizer que estou de volta; entre trancos e barrancos, mas eu vou. depois, venho ler tudo o que perdi com calma. bisou

6:11 PM

 
Blogger Mocho Falante said...

E eu que tanto adoro mochos, não conhecia este livro...imperdoável!

Adorei esta passagem, beijocas

7:08 PM

 
Blogger Angela said...

125 querida!
muito grata! Use o texto sim pois é muito bom! espero que possa publicar outros e que encontrem por aí este livrinho antigo.

MA
este mocho deve ser "peixinho", pra chorar fácil assim...

Ana m
Que bom! minha bela adormecida acordou! Toda a cidade canta!

Mocho falante
Se eu soubesse onde encontrar te mandava este livro! Você vai adorar! Vou tentar traduzir e publicar aos poucos pois não sei onde encontrá-lo. É antigo, em ingles e veio até aqui vindo da França, já viu que confusão?
Obrigada pela visita.

3:12 AM

 

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