Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

31.7.12

O mundo da bola branca




O mundo da bola branca

Quando a bolinha branca saiu da máquina rolou e ficou ali, esquecida em um canto. Então ela se acreditou no mundo e não esperava nada mais da vida até se ver colocada em uma caixa com mais sete outras bolas coloridas. Em seguida, foi levada para uma casa e colocada sobre uma mesa grande, toda forrada de um tecido macio e quentinho. À volta havia muita gente rindo e parecia uma festa. Quando ela se viu cercada das outras bolas lindas, coloridas e brilhantes, começou a achar que a vida poderia ser uma coisa boa e divertida. Afinal tinha companheiras e muita gente interessada nela e nas demais. Então ela viu se aproximar uma vara comprida que começou a cutucá-la, até fortemente algumas vezes, e ela sentia muito ter que bater nas outras bolas.
Até era divertido  rolar naquele espaço grande e verde e quando o choque era leve e não machucava. Ao cair num buraco junto com outras levou um susto até perceber que uma rede a impedia de ir ao chão e ainda dava para entrar ar e respirar.
Um dia, quando tinha acabado de cair na rede, começou a ouvir um choro pequenino e percebeu que a bola amarela estava muito assustada. ia conversar com ela quando uma mão enorme tirou-as do buraco, dizendo: -‘ainda bem que trouxe uma caixa de bolas novas, estas estão muito velhas e maltratadas’. A bola branca ficou com medo. Achou que seu destino estava traçado, ia para o lixo. Branca daquele jeito, era a mais cacarecada de todas. Foi então que, para sua surpresa, percebeu que havia uma criança pequena sobre o tapete da sala. Era ainda um bebê e foi entre as perninhas dele que ela e a bola amarela foram postas, entre palmas e gritinhos do menino encantado. E ali começou o melhor momento de sua existência, toda babada, batida contra as suaves mãozinhas, ela ficou feliz por terminar sua vida alegrando uma criança.

contado e escrito em 28-07-2012 Para adormecer Luca e Sofia.