Desde sempre lembro-me viajando em imagens. Primeiro elas fugiram de meu olhar interno e se faziam ver mergulhadas em papel e cores. Depois vieram as palavras e a inspiração dos sonhos, pois foi a realidade que, muitas vezes, trouxe os pesadelos. Em busca de organizar este mundo interior surgiu a Ilha.União de idéias e sonhos, asas que herdei. Apresento-a em pequenos trechos e peço que questionem, perguntem muito para que ela possa tornar-se mais rica e interessante, lugar melhor pra viver.

27.2.07

O mito não contou...


O sonho de Ícaro
Olhando para o Sol, percebeu que não queria viver obedecendo a Dédalo e seguindo ambições que não eram suas. Mergulhou no imenso mar que o libertou.

frase do dia:

A visibilidade de um erro é inversamente proporcional ao número de vezes que você olha para ele. (anônimo)



24.2.07

Luca Moana - um farol



Ontem ele completou dois anos. Quem chega perto e convive com este pequeno ser sabe que minhas palavras não são apenas fruto da visão e do encanto de uma avó.
Nomes podem ser 'sinas' que carregamos ou 'sinais' de uma vida.

Há pessoas que constroem e marcam seus nomes e, como nos contos de fadas, o 'som' que marca sua entrada na existência está em plena afinidade com seu 'ser'.

Assim é o Luca. Um farol alerta entre céu e mar. Uma criança gentil, que se expressa com extrema facilidade e civilidade, uma mente brilhante que inclui sensibilidade e afeto, em constante alegria.

Hoje e sempre, desejo que o faroleiro que mora dentro deste meu neto tão querido, esteja sempre atento e guie os que, de fora, se aproximam enquanto mantém acesa a sua luz interna.

Agradeço à Fábia e ao Nicolas o presente que nos deram e que criam com cuidado para o mundo que, sem dúvida, se tornou mais iluminado em 23 de fevereiro de 2005!

frase do dia:
Deus está nas coincidências 

22.2.07

BRANCA DE NEVE



Branca sentia muita falta dos anões com quem fazia mil e uma coisinhas divertidas! O príncipe, fino demais, nada sabia de brinquedinhos. Voltou pra floresta, foi viver com o caçador e com os sete pequeninos!
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Frase do dia:
Ter amnésia é não lembrar o que é o clitóris, depois de ter estado várias vezes com a resposta na ponta da língua!

20.2.07

Cinderela


o momento mágico do 'enfado' que a Disney nunca contou

Depois que se tornou princesa, o relógio de Cinderela passou a contar o tempo após a meia noite.
As sombras tornaram-se constantes - descobriu que odiava a vida na corte, os bailes, saltos altos, fofocas e o Príncipe que mal a olhava.
A fada madrinha, compreensiva, transformou-a em abóbora.


frase do dia:
"Discurse sobre a virtude e eles passarão como rebanho. Assobie e cante, e terás uma platéia." Diógenes Laertios

???


Onde encontrar a onda que ouviu os meus segredos em noite de tempestade?
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frase do dia:

"Deixa que a palavra seja humilde, saibam que o mundo não começou com palavras, mas sim com dois corpos abraçados, um chorando e o outro cantando".
Thi Diem Thúy

18.2.07

O primeiro aniversário!

Para comemorar o primeiro ano da ilha, partilho uma técnica descoberta e usada pelos pacíficos, em 1995. Esta técnica jamais foi publicada. Embora o texto possa parecer longo, penso que não decepcionará os que tentarem segui-lo até o fim. Tanto as imagens como o texto estão aí para serem usadas. Entretanto, peço que os créditos da autoria sejam preservados.
***
JANELAS

APRESENTAÇÃO

Vivemos uma época de marcante transição. Como sempre, na história do Homem, uma sociedade erige seus valores para, chegando a seu ápice, vê-los desmoronarem-se gradativamente ao dar lugar a uma nova ordem que surge.
A cada recomeço, os valores antigos são introjetados e permanecem na memória da humanidade ou 'Inconsciente coletivo', como Jung a denominou. Nos períodos de transição social, assim como nas fases críticas do desenvolvimento individual, muitos seres humanos sentem-se inseguros diante da perda aparente das situações conhecidas, e com a incapacidade de ver claro o novo horizonte que mal se delineia.

A era que hoje vivemos nos traçou um caminho baseado em valores individuais e na busca da segurança material. Como um recém-nascido concentrado em sua sobrevivência, a humanidade buscou alimento e fez do ter a base para sua afirmação pessoal.

A era que se inicia, nos trará a experiência de aprender a ser e a respeitar os outros seres, fundindo e entrelaçando os antigos valores matriarcais aos do 'recente' patriarcado. Enquanto isso, no entanto, estamos perdidos entre dois atos; como um pião que é chutado para lá e para cá e nem sabe mais se roda ou rodopia. O trabalho que ora apresento, foi criado para este momento em que necessitamos, mais que nunca, de algum auxílio para voltar ao eixo.
As JANELAS surgiram, intuitivamente, enquanto lia 'Jung: Vida e Obra', da Doutora Nise da Silveira (1), tendo em vista a confecção de um glossário de terminologia jungiana para leigos. Em dado momento percebi que a relação entre as formas do círculo e do quadrado, muitas vezes produzidas pelo inconsciente para levar o indivíduo à integridade psíquica, poderia ocasionar efeito semelhante, mesmo que surgisse de fora para dentro. Caso fossem observadas ou visualizadas constantemente, estas formas poderiam servir de anzol para o centro organizador do inconsciente daqueles indivíduos que encontram dificuldade para relaxar e afrouxar seus controles ou ainda, para facilitar o retorno ao centro organizador do consciente, nos casos de confusão, desorientação ou perda da ordem psíquica.

Posteriormente, encontrei o seguinte pensamento em 'O feminino nos contos de fadas', (capítulo I, pág. 40 de Marie-Louise Von Franz (2): “... Se, em certos materiais, a totalidade aparece sob a forma de símbolos impessoais como uma árvore, por exemplo, ou semi-humanos como o Herói, a correspondência se dá em relação a que diferença psicológica? Constatei empiricamente que o primeiro aspecto, o de uma representação material do Self, que simboliza de maneira impessoal a totalidade da Psique, tende a aparecer em momentos de dissociação e de desnorteamento. Assim, as figuras geométricas regulares compensam freqüentemente o fato de que o sujeito se sente descentrado, perdido em meio a uma situação caótica; nesse caso, um símbolo material abstrato objetiva a experiência interior e leva o sujeito a um desprendimento e uma ordem que ele necessita imperiosamente”.

Comecei, então, a criação de duas séries de imagens para serem observadas em relaxamento ou meditação ou, para serem apenas introjetadas pela visualização sistemática. Chamei a primeira série de "Janelas para o Centro" e utilizei apenas a forma circular. Na segunda série, a forma quadrangular foi acrescentada ao círculo e denominei-a "Janelas para centrar-se".

OS ELEMENTOS COMPONENTES DAS SÉRIES

O CÍRCULO aparece em várias culturas como símbolo fundamental de unidade, proteção e perfeição. Chamado de: "Mandala", "Roda zodiacal", "Tao", "Céu", "Deus", "Universo", é o símbolo do mundo espiritual, invisível e transcendente. É a forma habitual dos santuários dos povos nômades. Para Jung, é uma imagem arquetípica da totalidade da psique e símbolo do Self: "A contemplação de uma Mandala supostamente inspira a serenidade, o sentimento de que a vida reencontrou seu sentido e sua ordem... As formas redondas da Mandala simbolizam, em geral, a integridade natural, enquanto a forma quadrangular representa a tomada de consciência dessa integridade... A Mandala possui uma eficácia dupla: conservar a ordem psíquica, se ela já existe; restabelecê-la, se desapareceu” (3). (pág.586)

O QUADRADO implica a idéia de estabilização, solidificação, símbolo da terra em oposição ao céu, aparecendo como: cruz, pontos cardeais, estações do ano, fases da lua. É a forma dos templos para os povos sedentários, representando a matéria terrestre, o corpo e a realidade.

O CÍRCULO é um símbolo da psique (o próprio Platão descreveu a psique como uma esfera); o quadrado (e muitas vezes o retângulo) é um símbolo da matéria terrestre, do corpo e da realidade. Na maior parte das obras de arte moderna a conexão entre estas duas formas primárias ou não existe ou é absolutamente livre e acidental. Esta separação é outra expressão simbólica do estado psíquico do homem do século XX: sua alma perdeu as raízes e ele está ameaçado de uma dissociação”. (4-pág.219)

"A figura circular, adjunta à figura quadrada é espontaneamente interpretada pelo psiquismo humano como a imagem dinâmica de uma dialética entre o celeste e transcendente, ao qual o homem aspira naturalmente, e o terrestre, onde ele se situa no momento...” (3 - pág 251)
"O si-mesmo aparece empiricamente em sonhos, mitos e contos de fadas, na figura de ”personalidades superiores" como reis, heróis, profetas, salvadores etc. ou na figura de símbolos da totalidade como o círculo, o quadrilátero, a quadratura circuli (quadratura do círculo), a cruz etc. (5-pág. 443)

O termo JANELA surge da idéia de uma visão mais ampla do universo pessoal. Enquanto buscava o significado simbólico do termo, pude confirmar seu sentido: "abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza receptividade. Se a janela é redonda, a receptividade é da mesma natureza que a do olho e da consciência (clarabóia). Se for quadrada, a receptividade é terrestre, relativamente ao que é enviado do céu”. (3-pág.512).

Nas duas séries, a temática é um JARDIM, em que a ÁRVORE aparece sempre como figura obrigatória e o VAZIO ocupa o centro do quadro.

O JARDIM é símbolo do paraíso, da ordem e da consciência. Como escreveu o poeta chinês Hi K'ang: "Que prazer passear no jardim! Faço, nele, a volta do infinito...”
O homem dos dias de hoje, vivendo em grandes cidades, está cada vez mais afastado da influência tranqüilizante da natureza e cada vez mais necessitado deste contato, uma vez que, até em sua arquitetura, suprimiu os jardins e os pátios internos, as clarabóias e as formas circulares das janelas, no movimento de valorização do externo e da praticidade.

A ÁRVORE é símbolo da vida. Estabelece a relação entre o mundo ctoniano e uraniano (entre a terra e o céu) e portanto, restaura o sentido de centro, comunicando os três níveis do cosmo: o subterrâneo - através de suas raízes,
a superfície da terra - através do tronco, e o céu - através da copa.
"Figura axial, ela é naturalmente o caminho ascensional, ao longo do qual transitam aqueles que passam do visível ao invisível”. (3 - pág. 85).

O VAZIO é o caminho que vai em direção ao interior, à totalidade e permite a conexão com o Self. Encontrar o vazio, onde tudo está presente, é o objetivo da meditação. Na arte oriental encontramos freqüentemente um espaço vazio predominante, onde o olhar e a mente descansam.

Cada série é composta de doze Janelas coloridas segundo a gradação do espectro solar. A escolha do número doze se deve ao fato de ser o número das divisões espaço-temporais. Presente na divisão do ano, nos signos do zodíaco, na multiplicação dos quatro elementos pelas suas três fases (atividade, inércia e harmonia) ou pelos três princípios alquímicos (enxofre, sal e mercúrio), é também a combinação do quatro e do três: a matéria criada e o Espírito Criador.

COMO USAR AS JANELAS

todos os desenhos originais foram criados e executados, à lapis-aguarela, por Angela Schnoor

Janelas para o Centro


Feitas para meditação em profundidade, facilitam o desligamento dos papéis representados no dia a dia, inspirando serenidade e relaxamento.

Observe tranqüilamente as doze figuras da série e escolha aquela que, no momento, lhe traga maior sentimento de bem-estar ou com a qual sinta mais afinidade.
Uma vez escolhida, coloque-a em lugar calmo e silencioso, apropriado para meditar e olhe para a figura, até que você se torne parte dela.
Caso, inicialmente, não consiga meditar, coloque-a em um local onde a sua visualização seja constante e sistemática. Dentro de algum tempo seus efeitos se farão sentir e a meditação se tornará possível.

Janelas para Centrar-se


A característica principal desta série é a presença do quadrado dentro do círculo, enfatizado pelo "foco" que os elementos da imagem passam a ter quando dentro dele. Esta série foi criada para os momentos de confusão ou dúvida e trazem para quem a observa, uma orientação mais objetiva, funcionando como uma bússola cujo norte é a tomada de consciência da integridade psíquica.

Como na série anterior, escolha a figura com a qual encontre maior afinidade e coloque-a em local onde a visualização seja obrigatória durante a maior parte de seu dia. Procure cercar-se da figura escolhida, colocando reproduções da mesma em objetos de uso diário como agenda, mesa de trabalho, livros, computador etc. Ou seja, permita que a imagem invada seu campo visual mesmo que você não esteja consciente dela. Caso deseje, faça também uma meditação diária.

Trocar de Série e de Imagem

Somos seres em crescimento e constante mutação e, sendo assim, em algum momento a figura escolhida poderá ter perdido sua força de atuação ou sua eficácia. Esse é o momento de uma avaliação para nova escolha. Tanto a imagem quanto a série podem e devem ser novamente escolhidas sempre que sentirmos necessidade. A tomada de consciência deste momento é parte do autoconhecimento, do processo de centrar-se.

Criar sua própria Janela

Através de qualquer recurso a seu alcance, você poderá criar, para si mesmo, aquela Janela que mais o atrairá . Mantendo os princípios do círculo e do quadrado, deixe que sua intuição preencha o espaço vazio com imagens e cores. Utilize fotografia, desenho, colagem, pintura etc. Certamente as imagens escolhidas terão a força simbólica que servirá para acessar o centro harmonizador de seu psiquismo.

Rio de Janeiro, março de 1995.


©Copyright 1995 - ANGELA DE PÁDUA SCHNOOR.

Referências Bibliográficas:


1- Silveira, Nise, Jung: vida e obra, Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1981.

2- Franz, Marie-Louise von, O feminino nos contos de fadas.- coleção psicologia analítica, Petrópolis, Editora Vozes Ltda,1995

3- Chevalier, Jean e Gheerbrant, Alain, Dicionário de Símbolos, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1989. pág. 586.

4- Jung, C. G., O Homem e seus Símbolos, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1964, pág. 249.

5- Jung, C.G., Tipos Psicológicos, Petrópolis, Editora Vozes Ltda, 1991.

6- Eliade, Mircea, Imagens e Símbolos, Ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso, São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1991.

7- -Jacobi, Jolande, Complexo, Arquétipo, Símbolo na psicologia de C.G. Jung, São Paulo, Editora Cultrix Ltda, 1957.

8- Jung, C.G., Símbolos de Transformação, Petrópolis, Editora Vozes Ltda, 1986.

17.2.07

Fotografobia

efeitos sobre foto de Lara Pires - Into my soul - Olhares.com

Odiava ser fotografado. Os amigos insistiam e zombavam, não respeitando seu recato. Achava incrível a vaidade das pessoas, suas caras e poses. Um dia, inventaram uma máquina que fotografava almas.Achou divertido ver todos se esconderem, em pânico.
Agora, vingado, ele fazia poses e comprava álbuns!

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frase do dia:
O mundo todo gastou cinco vezes mais com implante de mamas e com Viagra do que na investigação sobre o mal de Alzheimer.O que se pode prever é que, daqui a 30 anos, haverá um grande número de pessoas idosas com seios enormes e ereções extraordinárias, mas incapazes de lembrar para que ambos servem...

15.2.07

Está bem, digo ao povo que fico!

Depois de longas conjecturas, decidimos que ideália continua neste mesmo ponto do oceano.
Em breve,dia 18 de fevereiro, festa de comemoração do primeiro ano da Ilha das Asas!
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frase do dia:
Livre arbítrio é a capacidade de fazer de bom grado aquilo que é preciso fazer. Carl Gustav Jung

7.2.07

Para Alberto, no seu dia

Alberto e o cãozinho Rafa numa festa em nossa casa.
em 31 de outubro de 2006
7 de fevereiro de 2007
Hoje ele faz aniversário, e fiquei sem saber que foto colocar aqui, que representasse melhor este ser especial com quem divido a vida por mais de trinta e seis anos.
Uma imagem de Francisco de Assis seria bem adequada já que as crianças e os animais buscam naturalmente sua companhia e estão sempre pedindo seus afagos e cuidados.
Alberto tem qualidades bem franciscanas, mas não posso imaginar onde caberia, na imagem contrita do santo, este humor quase infantil que detona o riso e a admiração de muitos!
Quando o conheci, ele era jovem e muito sério. Quem o via no mundo, jamais poderia imaginar o ser brincalhão, engraçado e jovial que existia sob a pele do executivo calado, especialmente correto, honesto e confiável.
Na intimidade, com a família e os amigos bem próximos ele parece descobrir o melhor de si. Depois que se tornou avô, encontrou o motivo maior para existir e não é à toa que os netos se derretem com este homem-criança, tão simples e despido de vaidades e manipulações.
Hoje, quero agradecer pelo dia em que o encontrei, pelo caminho que percorremos dividindo as cargas e as alegrias, pela família amorosa e íntegra que construímos e, sobretudo por Alberto
ser um instrumento de paz, de amor, de união, de tolerância e, por levar a alegria onde existe tristeza, como pediu São Francisco em sua oração da paz.
Querido companheiro, que você tenha muitos anos mais para partilhar, com todos nós, sua serena benevolência!
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Frase do dia:
Buscar Deus demasiado cedo não é menos pecaminoso do que buscar Deus demasiado tarde; devemos amar, homem, mulher ou criança, devemos esgotar a ambição, o intelecto e o desejo, nos dedicando a todas as coisas que passam, ou chegaremos a Deus com as mãos vazias.
Yeats

5.2.07

Descanso Eterno

Cratera no Metrô em São Paulo

A sétima vítima.

No buraco imenso do Metrô esperam a visita do governador que pensa ser um estorvo ter que comparecer, mais uma vez, ao local do acidente.
José da Silva, o contínuo cujo corpo foi encontrado, descansa, livre de todos os estorvos.
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Frase do dia:
É vão tentar endireitar a sombra, se o corpo que a faz é torto.
Stefano Guazzo.

1.2.07

- O Império das Luzes -

René Magritte- L'Empire des Lumières-1954

Entre o Céu e os Infernos existe a Terra e os seres que nela habitam e, como diz uma antiga máxima alquímica medieval: ‘Para que os ramos de uma árvore alcancem os céus, suas raízes devem chegar ao inferno’.

Poucos são os seres humanos que podem ser comparados a uma árvore assim, mas quando os encontramos, não temos sombra de duvida que existem. Sentimos sim, a sombra fresca de sua totalidade e a expressão de sua inteireza nos abriga, acolhe e ensina.

Assim eu vejo Dennis. Como um quadro de Magritte.

Conhecer, apreciar e trocar com este moço-velho, que hoje completa mais um ano de experiência de vida, foi um dos grandes presentes que recebi neste ano que passou.

Trabalho com pessoas há muitos anos e me deslumbro com as possibilidades infinitas de suas combinações de Ser.
Meu ofício nada tem de vaidosa onipotência, mas dedico-me a ajudá-las a encontrar e aceitar serenamente, dentro de si mesmas, a existência dos opostos de suas intenções conscientes.
Não que eu saiba melhor ou mais do que elas, mas apenas porque estou vendo e ouvindo do lado de fora, aberta para acolhê-las em suas gamas de luzes e sombras.

Então, assim, de presente, encontro alguém que reúne a percepção consciente do claro-escuro de sua alma e que consegue expressar o lado sombrio e feio da humanidade com a mais requintada elegância.

Assim é quando tratamos o ‘demônio’ com amor. Ele deixa de incomodar. Não agride, não choca, não faz mal, apenas se transforma e nos deixa integrados e em paz.

Dennis é assim, um menino traquinas com sabedoria de ancião.
Mas... podem dizer - ele é um artista!
Sim, aos artistas são dadas facilidades para simbolizar, para expressar com beleza o que para outros pode ser pesado ou difícil, mas são eles os que mais vivem o tormento de mergulhar no fundo dos infernos para trazer à luz os pomos da vida!

Obrigada Dennis, pela acolhida,e por repartir a colheita com os que se aproximam!

Que o azul do céu te cubra sempre, mesmo às noites, coberto de estrelas e pirilampos sob o olhar atento da Lua!

Em 2 de fevereiro de 2007 - Feliz aniversário!

Visitem o Dennis, aqui.

MICrONTO

Leva-me contigo - Maria Flores- Olhares.com

Sem destino
Desfazendo-se de seus objetos, sentia como malas que se fechavam com histórias dentro. A ultima era grande e o fecho, automático, trancava por impacto. Ligou o gás, acomodou-se e bateu a tampa quando lembrou que a etiqueta de endereçamento, bastante visível, tinha ficado em branco.
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Frase do dia:
As más ações que fazemos não atraem tanto ódio e hostilidade
quanto as boas.
François de la Rochefoucauld